São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 1997
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Hutus matam 3 espanhóis em Ruanda

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Rebeldes hutus atacaram anteontem e ontem três áreas em Ruhengeri (96 km a noroeste de Kigali, Ruanda), deixando pelo menos seis mortos e vários feridos.
Segundo um funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU), dois dos ataques foram contra as sedes locais das organizações não-governamentais Médicos Sem Fronteiras e Médicos do Mundo.
Entre os mortos estão um médico, uma enfermeira e um fotógrafo espanhóis, todos colaboradores dos Médicos do Mundo, e soldados do Exército de Ruanda, de maioria tutsi. Os três espanhóis morreram com tiros na cabeça.
Susto
Segundo um diplomata norte-americano, os rebeldes invadiram a sede da organização e pediram para ver os passaportes dos espanhóis. Os rebeldes teriam ficado assustados ao ouvir tiros fora da casa e atirado nos funcionários.
"Essas pessoas foram executadas. Esses ataques foram claramente dirigidos a funcionários de organizações humanitárias", disse Javier Zuniga, diretor de operações de direitos humanos das Nações Unidas.
Um funcionário norte-americano teve sua perna amputada devido a ferimentos graves.
Ainda segundo o funcionário da ONU, foi o pior ataque dos últimos dois anos e o último de uma série que envolveu exilados na área, próxima da fronteira com o Zaire.
Ajuda
As ONU anunciou anteontem que a escalada de violência em Ruanda poderia forçar a suspensão das operações de ajuda humanitária em algumas áreas.
"Estou surpreso com a violência. Não quero colocar as pessoas em perigo e, se a violência continuar, não terei opção. Suspenderemos as operações", disse Omar Bakhet, coordenador da ONU em Ruanda.
Um porta-voz do Partido Popular, que governa a Espanha, exigiu à comunidade internacional o envio de uma força militar para a região, a fim de garantir o trabalho das ONGs.
Os violentos enfrentamentos entre o Exército, tutsi, e os rebeldes hutus aumentaram nas últimas semanas, quando mais de 1 milhão de refugiados hutus, refugiados em países vizinhos -principalmente o Zaire e a Tanzânia- voltaram ao país.
Cerca de 2 milhões de hutus fugiram de Ruanda em meados de 1994. Eles são acusados da morte de cerca de 800 mil tutsis e hutus de facções moderadas em 1994, quando a Frente Patriótica Ruandesa, guerrilha tutsis, assumiu o poder após guerra civil.

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