São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997
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Presidente do BNDES defende mais debate

GILSON SCHWARTZ
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Um possível adiamento da privatização da Vale poderia permitir um maior debate, garantindo a legitimidade do processo, afirmou o presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, em debate na última segunda-feira na Folha.
O evento também teve os senadores José Eduardo Dutra (PT-SE) e Pedro Simon (PMDB-RS) e o secretário-geral do PSDB, deputado Artur Virgílio (AM).
Simon foi o mais duro nas críticas ao governo, sem repudiar totalmente a venda. Deseja apenas adiá-la e pede ao presidente FHC que o faça sem levar a questão para o terreno do orgulho pessoal.
Dutra, do PT, é abertamente contra. Artur Virgílio leu uma lista de obras sociais que poderiam ser feitas com os recursos da venda.
Para o governo federal, a receita da venda deve ser usada para abater dívida pública, não para financiar gastos públicos.
O debate mostrou que há divergências sobre duas questões básicas: modelo de Estado e definição de soberania nacional. Simon e Dutra querem o Estado em setores estratégicos e consideram a Vale uma empresa capaz de dar sentido ao desenvolvimento nacional.
Ela é "estratégica" pois ao mesmo tempo atua globalmente, com força nos mercados internacionais, e propicia a integração nacional, mantendo uma rede complexa de empresas coligadas, uma rede de transportes e capacitação tecnológica nacional.
Ao mesmo tempo, Simon, principalmente, faz um apelo emocionado à preservação sob controle do Estado do subsolo nacional.
A oposição à venda também se pauta pela necessidade de reavaliar o preço da empresa, alertando para a suposta descoberta recente de novas reservas de ouro.
Mendonça de Barros rebateu esses argumentos. Concentrou-se na defesa de um novo modelo de Estado, retirado do setor produtivo e dedicado a políticas sociais.
Mencionou instrumentos que podem garantir a soberania nacional sem ter o controle da empresa, como a "golden share", poder de veto sobre decisões da empresa, e debêntures com direito a capturar rendimentos resultantes da descoberta de novos recursos minerais.
Ele também disse que o preço de venda ainda não foi definido.

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