São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997
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Planalto já arma campanha para aprovar o plebiscito

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Convencidos de que a emenda da reeleição enfrentará dificuldades no Congresso, os publicitários do Palácio do Planalto já planejam uma campanha de massa para aprovar em plebiscito novo mandato para FHC.
A campanha publicitária -uma versão ampliada da que está sendo veiculada atualmente na TV e em outdoors- só irá para o ar em caso de tropeço na votação da emenda. Mas também pode ser usada como opção para um referendo.
Esta última opção seria usada caso o governo negocie a realização de um referendo para ratificar a aprovação da emenda aprovada no Congresso. Neste caso, a campanha para o plebiscito seria adaptada para o referendo.
O sinal para que a campanha do plebiscito começasse a ser planejada foi dada pelo ministro Sérgio Motta, das Comunicações, em mais de uma reunião com o publicitário Geraldo Walter, responsável pelas campanhas do governo.
Walter não foi localizado ontem pela Folha. Mas publicitários próximos a ele confirmaram a iniciativa. Nos meios publicitários, a tarefa está sendo chamada de "Plano D" -referência ao "Dia D", na Segunda Guerra Mundial (39-45).
O "Dia D" marcou a tomada da Normandia, na França, fundamental para a vitória dos aliados. No caso do Brasil, o "Plano D" marcará a alternativa popular de FHC para aprovar um segundo mandato presidencial.
Conceito e mensagem
Embora ainda esteja em sua fase de esboço, a campanha tem seu conceito praticamente definido. A idéia é dizer que a reeleição é um direito do povo de aprovar o que está dando certo. A mensagem também foi discutida.
"Vote sim. Para o Plano Real continuar na mão certa", diz uma das mensagens discutidas para a campanha. Ambicioso, o projeto publicitário pretende incluir todos os veículos de comunicação. Mas a TV será o meio mais utilizado.
Além de comerciais de 30 segundos, a campanha na TV também poderá utilizar "merchandising" em novelas e programas de grande audiência. Os programas de "Faustão" (Globo) e Sílvio Santos (SBT) podem ser utilizados.
Uma empresa especializada em "merchandising", a Apoio, já foi procurada, segundo a Folha apurou. Os comerciais de TV poderão contar com a participação de artistas ligados ao PSDB, como Regina Duarte e Raul Cortez.
Se a campanha for mesmo para a rua, ela terá a assinatura da DM-9 Institucional, agência que fez a campanha eleitoral de FHC, em 1994. Além de Geraldo Walter, o publicitário Nizan Guanaes também é sócio da empresa.
Trata-se da mesma agência responsável pela atual campanha na TV pró-reeleição. Outras agências deverão participar da tarefa. Uma delas é a Salles DMB&B, do publicitário Mauro Salles, responsável por programas de TV do PFL.
Outra agência que deve participar da empreitada é a Propeg, que também trabalhou na campanha presidencial de FHC. A Propeg se juntou à DM-9 para operacionalizar a campanha pró-reeleição veiculada atualmente na TV.
Além dos veículos de comunicação, há planos para a realização de manifestações públicas em todo o país.

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