São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997
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Bancos recriam fundo de "commodities"

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A volta do imposto sobre o cheque trouxe de volta os inesquecíveis fundos de "commodities". Desta vez, em forma de títulos de capitalização.
Única aplicação financeira a combinar alta rentabilidade e liquidez diária, eles foram recriados para substituir os moribundos fundos de curto prazo -que ficaram inviáveis após a entrada da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
Bradesco, Itaú e Unibanco, os três maiores bancos privados do país, lançaram um novo título de capitalização que oferece rendimento bruto igual ao da caderneta de poupança (TR mais 6% ao ano) e saques integrais e corrigidos diariamente após 30 dias de carência.
"Os fundos de curto prazo ficaram comprometidos com a CPMF, pois o dinheiro precisaria ficar depositado neles por dez a 12 dias para compensar o imposto", diz Antônio Pavão, diretor do Bradesco.
Roberto Setubal, presidente do Itaú, acrescenta que o fundo também é vantajoso para o banco, pois não há aplicação direcionada dos recursos nem depósitos compulsórios junto ao Banco Central, como nos fundos de curto prazo. Nestes, o recolhimento é de 50%.
Pavão explica que o novo serviço é ideal para clientes que podem aguardar os primeiros trinta dias da aplicação e, depois, manter depósitos periódicos para garantir resgates diários remunerados.
O dinheiro do dia-a-dia, assim, teria um rendimento equivalente à TR mais 0,5% de juros ao mês, antes do Imposto de Renda (15% sobre o ganho de capital) -muito mais que os fundos de curto prazo, que rendem 0,3% a 0,4% ao mês.
Assim como nos fundos de curto prazo e nos demais fundos, o novo investimento está sujeito aos 0,2% da CPMF cada vez que o dinheiro for retirado da conta corrente para ser aplicado.
Captação
O Bradesco lançou o Investcap em dezembro e captou, até anteontem, R$ 120 milhões. Pavão estima que o serviço pode arrecadar R$ 1,5 bilhão num prazo de dois meses, por conta dos ajustes que os investidores estão fazendo para diminuir a incidência da CPMF nas aplicações.
A aplicação mínima é de R$ 500,00 e não há sorteios. Os clientes que têm mais disponibilidade para aplicar devem optar por investimentos com prazos mais longos, como os fundos de 60 e 90 dias, recomenda Pavão.
Grandes investidores podem fazer CDBs (Certificados de Depósito Bancário) com prazos superiores a um ano para escapar da CPMF. Se for necessário, o banco recompra o título antes do prazo combinado, após os 30 dias iniciais. O Bradesco já fechou operações por até 520 dias.

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