São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Desempregado paga para arrumar serviço

CLÁUDIA PIRES
DA REPORTAGEM LOCAL

Procurar emprego pode custar caro. Alguns serviços de disque 900 disponíveis em São Paulo chegam a cobrar mais de R$ 3,00 por minuto para fornecer informações sobre vagas disponíveis no mercado de trabalho.
A maioria desses serviços funciona como uma agência de emprego e publica anúncios nos classificados dos jornais diários.
Ao ligar, o desempregado recebe informações sobre vagas específicas ou faz um cadastro de acordo com sua área de atuação.
Esse tipo de serviço não é ilegal. Segundo a Telesp (Telecomunicações de São Paulo), as empresas que entram para o disque 900 podem cobrar a partir de R$ 1,70 por minuto de atendimento. A partir desse valor, podem cobrar o que quiserem.
Depois de acertado o contrato, a Telesp não fiscaliza o funcionamento do serviço.
Segundo Regina Franco, técnica de defesa do consumidor do Procon/SP (Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor), o órgão não tem registros de reclamações específicas sobre o ligue desemprego.
"Recebemos apenas um pedido para verificar se o funcionamento é legal."
"O atendimento também não pode ser muito demorado e nem enganoso. Isso ocorre, por exemplo, quando uma agência envia um candidato para uma vaga já preenchida."
O Procon tem apenas registros gerais de reclamações sobre disque 900. No ano passado, foram 321 consultas, que totalizaram 225 reclamações.
Agências
Um dos serviços de ligue emprego da cidade é prestado pela agência Merge Resource.
A empresa cobra R$ 2,90 por minuto para dar informações e fazer o cadastro do candidato. Depois, retorna com informações sobre possíveis vagas no mercado.
A agência também atende empresas que se cadastram pedindo funcionários. Essas empresas podem ser atendidas de graça, por outros telefones.
Segundo Renato Traviato Roja, proprietário da agência, o serviço deve passar em breve a ser cobrado também dessas empresas. "Isso reduziria o custo da ligação para o desempregado", afirma.
Roja afirma receber cerca de 10 mil ligações por mês. Segundo ele, 417 pessoas conseguiram colocação em dezembro do ano passado.
A operadora de telemarketing Camila Bento dos Santos, 18, procurou emprego durante oito meses. Há quatro recorreu ao ligue emprego e atualmente está trabalhando.
Camila afirma que a opção de procurar o serviço pago é descartada no começo, mas acaba sendo bem-vinda depois de um tempo.
"Procurar emprego desgasta muito. Acabei procurando o ligue emprego para ter uma solução mais rápida".

Texto Anterior: Campanha incentiva redução de impostos
Próximo Texto: 'Desgaste gera fragilidade'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.