São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
A solução para a Mendes Júnior
LUÍS NASSIF Nos próximos dias, deverá ser anunciada uma reviravolta no mercado siderúrgico brasileiro. Está na reta final processo de venda das siderúrgicas Mendes Júnior e Açominas para a Belgo Mineira.Com a venda, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) recuperará o último dos grandes créditos de difícil recebimento remanescentes da aventura megalômana do Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento. A dívida está vencida há dez anos. A operação pode resolver vários problemas. O primeiro é o crédito que o BNDES teria a receber da Mendes Júnior. A dívida histórica atualizada da Mendes com o BNDES é da ordem de US$ 400 milhões. Chega a US$ 1 bilhão com espuma -juros de mora, multas etc. O banco tem garantia do ativo -isto é, da própria usina da Mendes. Mas, se executasse a empresa, acabaria recuperando apenas parte, porque os créditos prioritários são dívidas fiscais e trabalhistas. Consumada a operação, a dívida será refinanciada à própria Belgo, recuperando-se a condição de recebimento. Açominas O segundo problema a ser resolvido é o futuro da Mendes Júnior e da Açominas. A Mendes é uma siderúrgica quebrada. A Açominas, uma siderúrgica sem dono, cujo controle pertence a grupos em liquidação -como o Econômico. Além disso, há uma conta pesada entre a Mendes e a Açominas. Na privatização, a Mendes assumiu a direção da Açominas -que era sua fornecedora- e acabou criando rombo de US$ 400 milhões, por conta do desvio de produtos. Para sair da Açominas, a Mendes negociou as dívidas dando como garantia os direitos sobre uma ação movida contra a Chesf -na qual, segundo as avaliações, dificilmente será vitoriosa. Fundindo as duas empresas, essas dívidas são compensadas na fixação do preço e se cancelam mutuamente. Verticalização A terceira solução da operação é viabilizar a própria Belgo. O setor siderúrgico tem produtoras de aço plano -como Usiminas, CSN, CST, Cosipa, Açominas- e produtoras de longos -como Villares, Mannesmann, Belgo Mineira, Gerdau e Mendes Júnior. A Açominas e a CST produzem semi-acabados (tarugos, placas, lingotes). Mas as demais empresas do setor conseguem fabricar produtos finais (bobinas, chapas, barras, fio-máquina). O modelo do setor passa pela verticalização -ou seja, grupos dominando todas as etapas de produção do aço e fornecendo produtos sob medida para os clientes. Na privatização das grandes empresas do setor siderúrgico, dois grupos relevantes ficaram de fora: a própria Belgo e a Gerdau. Integrando as três empresas (Belgo, Açominas e Mendes Júnior), forma-se um novo complexo siderúrgico relevante. É uma situação desconfortável para a Gerdau, que recentemente pleiteou a aquisição da Pains. IPVA O secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul, César Busatto, remete fax à coluna informando que o Estado foi o primeiro a viabilizar o pagamento do IPVA pela Internet. Além disso, os clientes dos bancos estaduais podem quitar o imposto pelo telefone ou na caixa de qualquer agência automatizada do Estado. A tecnologia, de fato, está à mão. Falta só iniciativa e criatividade em outros Estados. Email: lnassif@uol.com.br Texto Anterior: Venezuela protesta contra a Colômbia Próximo Texto: CVM decide sobre balanço da Sabesp Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |