São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997
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Evento traz peça brasileira

ERIKA SALLUM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Fernando Pessoa, em um dos poemas de seu livro "Mensagem", condecora padre Antônio Vieira "imperador da língua portuguesa".
Morto há 300 anos, o jesuíta ganhou vida no corpo do ator Pedro Paulo Rangel, em "Sermão da Quarta-Feira de Cinza", espetáculo brasileiro que participa hoje, em Lisboa, do colóquio internacional "Vieira Escritor".
A peça faz mais três apresentações em Portugal: dia 23, na Universidade de Lisboa, dia 24, no teatro da cidade de Évora, e dia 25, em Coimbra.
O monólogo tem apoio do Ministério da Cultura de Portugal, da Cena Lusófona, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e do Instituto Camões.
Montado há três anos, sob a direção de Moacir Chaves, "Sermão da Quarta-Feira de Cinza" rendeu a Rangel os Prêmios Shell, Molière e Mambembe de melhor ator.
Em 55 minutos de duração, o artista mostra ao público por que Vieira era considerado um mestre das palavras.
Por meio de sete maneiras distintas, o pregador discursa sobre a finitude do ser, escorado pela lição de que o homem é pó, veio do pó e para o pó retornará.
"O texto faz com que as pessoas escutem e raciocinem", define Rangel.
Apesar da aparente monotonia contida na palavra "sermão", o espetáculo possui uma boa dose de humor.
"Nós não forçamos a graça da peça nem mexemos na linguagem. O humor já existia nas frases de Vieira -o que fizemos foi ressaltá-lo."
Não é a primeira vez que "Sermão da Quarta-Feira de Cinza" se apresenta para uma platéia portuguesa. Em julho do ano passado, a montagem representou o Brasil no 13º Festival de Almada, passando depois por Lisboa.
Exibir ao público português uma encenação brasileira de texto de um dos grandes expoentes da terra de Cabral não assusta o ator.
"Apesar de ter ficado bastante inseguro no início, muitas coisas do espetáculo funcionaram como no Brasil", esclarece Rangel.
O artista se confessa emocionado em participar das comemorações dos 300 anos da morte do jesuíta: "Estou muito feliz. A cultura portuguesa tem muito a ver comigo, já que meus avós nasceram lá".

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