São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997
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CLINTON 2

Apesar de reeleito, o presidente dos EUA, Bill Clinton, não deverá repetir a agenda do primeiro mandato. O primeiro Clinton era quase um social-democrata. O segundo pretende cunhar uma personalidade "democrática-republicana".
A mudança de orientação ocorre desde o início do primeiro mandato. Mas esse movimento acelerou-se com o domínio do Congresso pelos republicanos. Clinton, já em campanha por mais quatro anos na Casa Branca, praticamente incorporou a agenda adversária. Endureceu o embargo contra Cuba, deixou projetos de integração regional (como o Nafta) em segundo plano e bombardeou o sistema de proteção social.
Em suas declarações, Clinton vem tentando transformar essa incorporação pragmática da agenda republicana numa nova filosofia política. Condena o "partidarismo extremo", tentando criar uma realidade, senão "uni", ao menos "suprapartidária", apelando para uma "missão nacional" num sistema caracterizado pelo bipartidarismo.
Mas esse percurso não é um fato isolado. Numa época de intensa globalização e hipertrofia das angústias econômicas (desemprego, concorrência internacional, desafios tecnológicos), as questões políticas e mesmo a política em si mesma ficaram em segundo plano. Inúmeros países, no centro ou na periferia do sistema mundial, pautam-se por uma agenda semelhante, de corte liberal-conservador. Buscam-se novos consensos, porém o pragmatismo ganha força.
Mas no Brasil e na América Latina há expectativas com o novo mandato de Clinton, a começar pela visita prevista para março. Mais que mudança, espera-se que haja uma agenda consistente dos EUA para a região.

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