São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997
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Os personagens do julgamento

. Juiz: José Geraldo Antônio, 55
Titular do 2º Tribunal de Justiça do Rio, é responsável por dois outros rumorosos processos judiciais em tramitação: os das chacinas da Candelária e de Vigário Geral. Assumiu a presidência do Tribunal há dez meses, com a morte da juíza Maria Lucia Capiberibe. De atuação discreta nos dois primeiros dias do julgamento, mudou no terceiro dia, quando repreendeu com veemência o advogado de defesa, Paulo Ramalho
. Réu: Guilherme de Pádua Thomaz, 27
Natural de Minas, veio para o Rio na década de 80 para seguir a carreira artística. Contratado pela TV Globo em abril de 1990, ganhou seu primeiro papel de destaque na novela "De Corpo e Alma" -quando contracenou com Daniella Perez. Escreveu um livro sobre o caso, cuja circulação está proibida. Em seu depoimento, reproduziu a história contada no livro, chegando a "encenar" algumas situações
. Promotor: José Muiños Piñeiro Filho, 39
Lotado no 2º Tribunal do Júri, também atua nos casos das chacinas da Candelária e de Vigário Geral. Piñeiro conseguiu a condenação de dois dos réus da Candelária, Marcos Vinícius Borges Emmanuel e Nelson Cunha, e pediu a absolvição de três outros acusados. É ele que apresenta aos jurados a tese do Ministério Público, que incrimina o acusado Guilherme de Pádua. Os contatos com o juiz e o advogado de defesa são feitos por ele.
. Promotor: Mauricio Assayag, 37
Também lotado no 2º Tribunal do Júri, divide com José Muiños Piñeiro a acusação nos três processos (Daniella Perez, Candelária e Vigário Geral). Mais reservado, costuma deixar para Piñeiro a atribuição de falar aos jurados. Nos dois primeiros dias do julgamento coube a ele a tarefa de passar aos jornalistas as opiniões da promotoria sobre o caso.
. Assistente de acusação: Arthur Lavigne, 55
Secretário estadual de Justiça durante o governo de Nilo Batista, Lavigne foi convidado pela novelista Glória Perez, mãe de Daniella, para auxiliar os promotores designados pelo 2º Tribunal. Tem dado atenção especial a Glória durante o julgamento. Quando a mãe de Daniella se ausenta do plenário, faz questão de protegê-la do assédio dos jornalistas.
. Advogado de defesa: Paulo Roberto Alves Ramalho, 39
Entrou no caso na condição de defensor público depois que os advogados contratados pela família de Pádua desistiram de defendê-lo. Dois anos depois do crime, um novo defensor foi designado para o caso, mas Ramalho decidiu continuar no processo, passando a atuar como advogado particular de Pádua. Costuma dizer que, dos quase 600 júris dos quais participou, perdeu apenas cinco. Sua atuação no tribunal vem sendo considerada "elétrica": entra e sai do tribunal a todo momento e gesticula com veemência
. A vítima: Daniella Perez
Assassinada aos 22 anos, era filha da novelista Glória Perez, autora da novela "De Corpo e Alma", da Rede Globo, em que interpretava o papel de maior destaque de sua curta carreira: Yasmin, que formava um par romântico com o ator Guilherme de Pádua. Daniella começou a dançar aos 5 anos de idade e iniciou carreira artística aos 18 anos. Três anos antes de ser morta, apareceu pela primeira vez na televisão, como uma das dançarinas da novela "Kananga do Japão", da Rede Manchete. Era casada com o ator Raul Gazolla.
. A outra acusada - Paula Thomaz, 23
Filha única de jornalistas empregados no serviço público federal, Paula sempre viveu na zona sul carioca. Teve infância e adolescência típicas de menina de classe média carioca. Conheceu Guilherme de Pádua aos 16 anos e se casou com ele dois anos depois. Quando foi presa, estava grávida. Na prisão, teve o filho Felipe, separou-se do marido, concluiu o 2º grau e foi aprovada em vestibular para direito. A Justiça não a autorizou a cursar a Universidade Salgado de Oliveira, em São Gonçalo (20 km do Rio). O julgamento dela não tem data marcada, mas deve acontecer só em abril
. A mãe da vítima - Glória Perez, 47
Novelista, a mãe de Daniella Perez escrevia, na época do crime, a novela "De Corpo e Alma", em que a filha atuava. Em sua última novela, "Explode Coração", inovou ao incluir na trama mães verdadeiras de filhos desaparecidos. Destacou-se ao acompanhar de perto as investigações do crime. Liderou um grupo de artistas na coleta de 1,3 milhão de assinaturas para um projeto de lei popular classificando o homicídio qualificado como crime hediondo

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