São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997
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Advogado de ator usa vídeo na defesa

WILSON TOSTA; MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Uma defesa multimídia começou a ser preparada pelo advogado de Guilherme de Pádua, Paulo Ramalho, ontem à tarde, no plenário do julgamento, enquanto eram exibidas ao júri fitas de noticiários sobre o caso Daniella Perez.
Ramalho pediu, diversas vezes, que funcionários encarregados da exibição "marcassem" determinados trechos, que, segundo explicou aos jornalistas, pretendia usar para defender Pádua.
"Quero mostrar o massacre da mídia contra o réu e 'garimpar' trechos para mostrar a verdade", afirmou o advogado. "Sou um garimpeiro da verdade."
O recurso à televisão pode ser uma forma de combater o que o advogado considera um dos fatores que prejudicam Pádua: o fato de Daniella ter sido morta quando atuava numa novela de sucesso.
"Passou-se para a sociedade que a Yasmin (personagem interpretada pela vítima na novela "De Corpo e Alma") foi assassinada", afirmou.
"A Yasmin era um mito, como todo personagem de novela."
Segundo ele, devido à competência com que as novelas são feitas, cada personagem vira um membro hipotético de cada família. "A morte de Yasmin funcionou como uma morte dentro de casa."
Pádua se manteve quieto, mas balançou negativamente a cabeça quando foi mostrada reportagem do "Jornal Nacional", da Rede Globo, sobre sua chegada à 16ª Delegacia Policial, quando foi chamado, aos gritos, de "assassino".
A exibição começou às 16h27, mas foi interrompida por breves intervalos. Às 18h54, o juiz José Geraldo Antônio decretou mais uma interrupção, para descanso.
A sessão foi retomada às 19h09. Nessa segunda fase, encerrada às 20h06, Ramalho dispensou a exibição de três fitas.
Segundo explicou depois, uma delas mostrava reportagens da Rede Globo, e as outras haviam sido levadas por Glória Perez, mãe da vítima.
A promotoria concordou com a não-exibição das fitas.
Uma das fitas mostradas era a da entrevista do perito Mauro Ricart à Rede Globo, em que Ricart afirmou que Daniella foi morta no local do crime e que as marcas de sangue deixadas por uma pessoa esfaqueada no banco de um carro não poderiam ser completamente limpas, diferentemente do que disse o frentista Antônio Clarete.
(WILSON TOSTA E MÁRIO MOREIRA)

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