São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997
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Direito de imagem tira o emprego de astro japonês

MARCILIO KIMURA
DA REPORTAGEM LOCAL

O capitão da seleção olímpica japonesa e titular da camisa sete da oficial, Massahiko Maezono, 23, foi despedido por exigir um contrato como artista com seu time, o Yokohama Flugels.
No acordo, inédito, o jogador teria exclusividade sobre contratos publicitários, sem dividir com o clube, e total liberdade para administrar sua imagem, por meio de sua agência, a Sunny Produções.
Nesse caso, o meia-atacante passaria a estipular o preço de toda informação veiculada na mídia. No Japão, as entrevistas são cobradas.
O caso se tornou o assunto esportivo mais comentado no país na última semana.
Tanto que diretores de cada clube e da J-League, a liga de futebol japonesa, convocaram uma reunião extraordinária no fim do ano para solucionar o problema.
Os dirigentes decidiram por proibir esse tipo de pedido.
"Se a J-League concedesse essa liberdade, iria abalar as estruturas do futebol japonês", disse Eduardo Sakamoto, diretor de futebol do Flugels, no Brasil.
A diretoria de marketing do clube, responsável por esses serviços, recebe de 10 a 20% do valor, dependendo do contrato que tem com o jogador.
No Japão, a publicidade chega a representar 38,46% dos ganhos totais de um atleta, no caso de Maezono.
Como "artista", o ídolo japonês ganhou o lugar de Zico como o garoto propaganda da companhia telefônica NTT e é um dos jogadores "Nike", além de divulgar outros produtos.
Seus contratos publicitários chegam a US$ 500 mil por ano, que aumentam seus rendimentos anuais para cerca de US$ 1,3 milhões.
Maezono se tornou o jogador mais caro na lista de dispensa da J-League de 97, com valor estipulado em US$ 4,5 milhões.
Outro integrante da seleção, o atacante Shoji Jo, foi contratado pelo Yokohama Marinos, junto ao JEF United, por US$ 2 milhões.
A lista de dispensa engloba todos os que não renovaram contrato com o clube. E só a partir de sua divulgação que eles podem ser negociados.
O único clube que se interessou pelo polêmico e exigente jogador foi o Verdy, para substituir Bismark, que pode fechar contrato com o Vasco, e o Fujitsu, da segunda divisão.
O meia-atacante descartou o Fujitsu, e o Verdy ofereceu apenas US$ 2,5 milhões. O Flugels considerou a oferta indecente, e o ídolo continua desempregado.
Diante da situação, ele chegou a afirmar que iria se transferir para o futebol espanhol, após o Sevilla elogiar sua habilidade.
Mas, ao perguntar sobre o jogador ao Real Madrid, em dezembro, em um amistoso, no Japão, os dirigentes espanhóis disseram desconhecer sua existência.

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