São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997
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Lisboa mostra circos de Fernand Léger

JAIR RATTNER
DE LISBOA

Em 1947, o editor grego Estrafos Tériade, que vivia em Paris, lançou um desafio ao pintor modernista francês Fernand Léger: fazer um livro de gravuras sobre o circo.
A mostra, que fica aberta até 6 de abril, faz parte do ciclo "Amigos de Vieira da Silva", com mostras de quadros de personalidades importantes na vida da maior pintora portuguesa deste século. Léger deu aulas de pintura a Vieira da Silva quando ela chegou a Paris, na década de 50.
Nascido em 1881, Léger foi, junto com Braque e Picasso, um dos mais importantes pintores modernistas. Ele esteve no Brasil em 1955, o ano de sua morte, onde ganhou o grande prêmio da Bienal de São Paulo. Durante toda a sua vida, Léger frequentava o circo, geralmente acompanhado de amigos, como Apollinaire, Max Jacob e Blaise Cendrars.
"Cirque" faz parte de uma trilogia publicada por Tériade. Além de Léger, o editor também convidou os artistas Henri Matisse e Georges Rouault para fazerem livros com gravuras sobre o circo. Cada livro teve 250 exemplares. Matisse acabou por mudar o nome de seu livro para "Jazz".
Segundo José Sommer Ribeiro, diretor da fundação, "Cirque" é um dos grandes livros ilustrados do pós-guerra. "O circo sempre foi muito importante para Léger. Mas ele vai além, vê que o circo está dentro do círculo."
No texto que acompanha as gravuras, Léger apresenta o círculo como símbolo de continuidade e liberdade.
Inicialmente, o texto do livro era para ter sido feito pelo escritor norte-americano Henri Miller. Léger insistiu durante mais de um ano para Miller escrever sua parte.
Mas quando Miller entregou a história para acompanhar as gravuras, Léger achou que não combinava e preferiu publicar um texto de sua autoria.
Miller publicou o texto em 1948, com o título "The Smile at the Foot of the Ladder" (Um sorriso ao pé da escada), acompanhado de reproduções de pinturas sobre o circo de Chagall, Klee, Picasso, Rouault, Segonzac e Toulouse-Lautrec.
Reprodução proibida
No catálogo da exposição, não há reproduções das obras expostas. No lugar, encontram-se páginas em branco com a inscrição "reprodução proibida".
A proibição é responsabilidade dos herdeiros de Fernand Léger. Segundo Ivone Cunha Rego, da fundação, eles não explicaram o motivo por que não deixaram que o catálogo tivesse reproduções.

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