São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997
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NEM TÚMULO NEM SAMBA

Pesquisa do Datafolha junto aos paulistanos indica que na cidade de São Paulo não há apenas um cadinho de etnias e culturas, mas também de expectativas e impressões bastante diversas, quando não contraditórias, em relação à aniversariante.
Porém, em sua maioria, os moradores da capital paulista parecem ter poucas razões para enaltecer sua cidade. É aliás irônico que na mesma semana em que a megalópole completa os seus 443 anos, 59% dos entrevistados manifestem desejo de abandoná-la. Ao mesmo tempo, 41% dos ouvidos na pesquisa, perguntados sobre qualidade de vida, mostram-se totalmente satisfeitos com a cidade. Ao que tudo indica, complexos fatores estariam contribuindo para a avaliação do paulistano, desde a ação imediata do poder público até elementos subjetivos imponderáveis.
Mas os problemas de trânsito e segurança foram os mais frequentemente citados como responsáveis por uma imagem negativa da cidade. E a eliminação desse estigma, que confere à cidade uma indesejada notoriedade, ainda depende de ações mais intensivas do poder público.
No campo da segurança, algumas medidas implementadas pelo governo do Estado nos últimos dois anos parecem ter reduzido alguns índices de criminalidade em regiões específicas, mas o município está longe de se livrar dos efeitos da banalização da violência no seu cotidiano.
Quanto ao trânsito, apesar das recentes inaugurações de grandes obras viárias, permanece a sensação de que trafegar pelas ruas e avenidas da cidade é um martírio inevitável. Maiores investimentos em transporte coletivo e a construção do anel viário em torno da capital, projeto que atende a uma antiga e cada vez mais premente necessidade de desafogar o trânsito das marginais, poderão no futuro diminuir essa impressão.
O principal desafio continua sendo tornar menos árduo o cotidiano nessa cidade cuja imagem ainda é, com ou sem razão, fortemente associada a trabalho e desenvolvimento.

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