São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 1997
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Banco nega irregularidade em operação

FREE-LANCE PARA A FOLHA; DA REPORTAGEM LOCAL

Reportagem Local
O banco Porto Seguro, que teve o sigilo telefônico e bancário quebrado pela CPI dos Precatórios, trabalha apenas com títulos, segundo afirma seu diretor-superintendente, José Roberto Bueno.
A ex-corretora se tornou banco em 1992 e, no ano passado, obteve lucro, conforme informou Bueno, de R$ 200 mil líquidos.
O lucro é pequeno em relação ao patrimônio do banco, que gira em torno de R$ 10 milhões.
O banco negocia títulos públicos, inclusive de São Paulo e Santa Catarina. "Deve ser por isso que pediram a quebra de nosso sigilo", disse o diretor.
A CPI investiga operações suspeitas com títulos emitidos pelo Estado e pela Prefeitura de São Paulo, por Santa Catarina, Alagoas, Pernambuco e vários municípios.
Bueno defende a credibilidade dos títulos de Santa Catarina. Em sua opinião, esses títulos são um dos mais rentáveis do mercado. "Tecnicamente é uma excelente opção." Dos títulos do município de São Paulo, Bueno afirma, por exemplo, que já negociou um único título mais de 150 vezes.
"Às vezes, vendo um título para um cliente e uma semana depois volto a comprar. Somos conhecidos no mercado pela liquidez."
"Nunca ganhamos mais do que R$ 30 mil numa operação", afirmou Bueno.
Investigação
O Banco Central está investigando operações de corretoras, distribuidoras e bancos que chamaram a atenção por estarem fora dos parâmetros normais do mercado.
A fiscalização do BC desconfia que empresas estejam fazendo "caixa dois" para esconder o lucro obtido. Além disso, várias empresas apresentam prejuízos enormes logo depois de auferirem ganhos substanciais.
Com essa estratégia, pagariam menos Imposto de Renda. Nesse caso, tão logo o BC encerre a investigação das empresas, a Receita Federal será acionada para tomar as providências cabíveis.
Existe, ainda, um terceiro braço das investigações do BC: remessas ilegais de dinheiro para o exterior.
Vários bancos, que estão sob a mira da fiscalização, teriam utilizado contas de estrangeiros no Brasil e de brasileiros no exterior -conhecidas por CC-5- para remeter dinheiro originado em operações suspeitas. Empresas que remeteram dinheiro ao exterior ilegalmente poderão ser investigadas pela Polícia Federal, depois que o BC terminar seu levantamento.
As informações do BC foram requisitadas porque alguns dos títulos negociados pelas empresas investigadas foram emitidos para o pagamento de dívidas decorrentes de decisões judiciais -ou precatórios judiciais, objeto de CPI.

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