São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
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Tribunal questiona propaganda de Covas

FÁBIO SANCHEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O Tribunal de Contas do Estado vai pedir explicações à Imesp (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo), sobre um suplemento do "Diário Oficial" encartado ontem em oito jornais diários.
Segundo o conselheiro Antonio Roque Citadini, autor do pedido de explicações, o suplemento teria um "caráter nitidamente publicitário", o que se chocaria com as funções do "Diário Oficial", que se destinaria "exclusivamente à publicação de atos oficiais".
O suplemento, um jornal de 16 páginas em formato tablóide, traz na primeira página uma matéria intitulada "Em dois anos, S. Paulo ganha uma nova cara". Nas suas páginas, apresenta obras realizadas pelo governo estadual e empresas ligadas a ele.
O suplemento faz parte de uma ofensiva da administração Covas no sentido de divulgar suas obras, já que pesquisas do próprio governo apontavam que, até o ano passado, havia uma imagem de imobilismo da administração.
O suplemento custou à Imesp R$ 584 mil e teve uma tiragem de 1,25 milhão de exemplares. O presidente da Imesp, Sérgio Kobayashi, diz que o suplemento especial é "uma mídia diferente e barata".
Segundo Kobayashi, o governo estadual "não gastou um tostão" com a publicação. Pelos seus cálculos, o custo da publicação "não supera 1,5% do lucro da Imesp no ano passado (R$ 40,6 milhões)".
A redação dos textos no suplemento se baseou em matérias do jornal "Escriba", uma publicação com circulação restrita às repartições públicas do Estado.
"Confusão"
O conselheiro Roque Citadini acredita que o suplemento "causa confusão nos leitores", induzindo-os a "conclusões erradas". Ele cita em seu requerimento um trecho de matéria do suplemento intitulada "Em dois anos, mais de 1.500 km de estradas".
Para Citadini, o texto "não apresenta precisão informativa" porque se refere ao mesmo tempo a estradas novas, recuperadas, duplicadas e recapeadas.
Ele também diz que uma matéria destinada à questão da segurança pública seria "enganosa". O título da matéria diz que "Policiamento integrado reduz índice de homicídios", mas o texto diz que "o aumento desse tipo de crime foi de 1,9% em relação a 1995".
Os deputados estaduais do PC do B Jamil Murad e Nivaldo Santana apresentarão hoje uma representação contra o suplemento na Procuradoria Geral do Estado.

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