São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
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Indústria paulista cresce 7,4% em 1996

SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O INA (Indicador de Nível de Atividade) da indústria paulista cresceu 7,4% e as vendas reais subiram 6,7% em 96, na comparação com o ano anterior.
O INA é medido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e engloba dados sobre utilização de capacidade instalada, vendas reais e total de horas trabalhadas por empregado.
O crescimento é, no mínimo, o dobro da estimativa de expansão do PIB (Produto Interno Bruto, soma dos bens e serviços produzidos no país) no mesmo período -entre 3% e 3,5%.
Mas como a indústria teme que o governo adote medidas para conter o consumo, o diretor do Departamento de Economia da Fiesp, Boris Tabacof, tentou amenizar os números do INA.
"O resultado foi bom, mas não dá para comemorar muito", disse ontem, durante a apresentação dos indicadores na sede da Fiesp.
Segundo Tabacof, os dados devem ser analisados de duas perspectivas.
A primeira: o crescimento de 96 foi expressivo porque a base de comparação -o ano de 95- é modesta.
"O consumo foi reprimido em 95 e a expansão se deu sobre essa base", disse Tabacof.
A outra perspectiva é que os índices apontam para uma tendência de estabilidade na produção e no consumo desde o segundo semestre do ano passado.
O crescimento de 7,4%, explica, seria reflexo de uma forte expansão no segundo trimestre de 96.
"A economia está em uma fase estável e não há sentido em se adotar medidas de freio ao consumo", avaliou.
Para ele, políticas de "stop-and-go", que ora liberam ora seguram a atividade econômica, são nocivas ao país.
Desempenho diferente
O crescimento de 6,7% nas vendas reais é uma média que esconde as diferenças no desempenho dos ramos industriais em 96.
No ano passado, os setores ligados à área de bens de consumo duráveis deixaram os outros "na poeira" e puxaram para cima a média das vendas.
Material elétrico e de comunicações, por exemplo, cresceu 38%. Material de transportes, 11,2%, e minerais não-metálicos (produtos para construção), 7,2%.
Por outro lado, os setores de alimentação (-4,3%) e mecânica (-1,5%) tiveram resultados piores que os de 95.
Segundo Tabacof, a redução nas vendas reais de alimentos está ligada à queda nos preços ocorridas em 96.
Salários médios
Na comparação com dezembro de 95, a indústria paulista estava empregando 6,1% menos em dezembro do ano passado.
O salário real médio, no entanto, cresceu os mesmos 6,1%.
Em média, o nível de utilização da capacidade instalada ficou em 78,3%, um pouco abaixo que o de 95 (78,8%).
Futuro
Consulta informal feita pela Fiesp indica que os setores industriais estão confiantes no desempenho das vendas neste ano.
Apenas três setores -eletroeletrônicos, máquinas e têxteis- esperam vender menos do que no ano passado.
Maiores vendas, afirma Tabacof, não devem se traduzir em expansão do faturamento.
Segundo ele, a tendência é que o aumento da competição faça com que a rentabilidade das empresas diminua.
"As empresas devem ter resultados menores que os de 96", acredita Tabacof.

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