São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
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Brasil fica em 10º no Bocuse D'Or

EITHAN ROSENTHAL

EITAN ROSENTHAL
ENVIADO ESPECIAL A LYON

A dupla Antonio Francisco "Naim" dos Santos e Rodrigo Martins representou o país no torneio

O Brasil conseguiu na última terça-feira, dia 28, um honroso décimo lugar no 6º Bocuse d'Or, o mais importante torneio gastronômico do mundo, realizado em Lyon, na França. Representou o país o chef Antonio Francisco "Naim" dos Santos e seu ajudante, Rodrigo Martins.
A vencedora foi a Suécia, com Mathias Dahlgren, seguida pela Bélgica, com Roland Debuyst, e pela Noruega, com Odd Ivar Solvold. Os vencedores receberam prêmios de US$ 15 mil, US$ 10 mil e US$ 5 mil, respectivamente. Mais do que isso, a vitória equivale ao visto de entrada para o grupo de grandes chefs internacionais.
O décimo lugar brasileiro, em empate com o México, coloca o país numa posição no mínimo respeitável no panorama da gastronomia mundial. E praticamente garante convite para participação na próxima edição do torneio, em 1999, sempre em Lyon.
Os dois pratos executados, pernil de porco austríaco e bacalhau fresco da Noruega, recebem pontos separadamente. Com o porco, Naim obteve um brilhante quinto lugar, caindo para 16º no peixe.
"O júri gostou do sabor do nosso bacalhau, mas perdemos pontos nas guarnições", revela Luis Walter Incao, chefe da cozinha do Copacabana Palace, representante brasileiro do júri.
A performance de Naim foi exemplar, mantendo admirável concentração e frieza durante as cinco horas e meia de tempo concedido para a tarefa. "A pressão é muito grande, e qualquer pequeno erro pode ser fatal", conta Naim.
Foi emocionante presenciar um brasileiro de origem humilde e que começou a carreira como faxineiro de cozinha enfrentar de igual para igual europeus formados em escolas de alto nível e com acesso a informação de ponta.
No cômputo geral superamos países de forte tradição culinária como Itália, Espanha, Finlândia e Luxemburgo, campeão do "Bocuse d'Or" de 93.
A Alemanha ficou com o prêmio especial para o melhor prato de pernil, e a Holanda, com o de bacalhau. Os três primeiros do cômputo geral ficam automaticamente fora dessa premiação.
O México levou o de melhor organização, que na prática julga o desempenho da delegação. Com investimento estimado em 2 milhões de dólares, os mexicanos levaram até uma banda de mariachis para acompanhar a apresentação dos seus pratos.
Durante o preparo das receitas, os jurados circulavam pelos boxes fiscalizando e analisando o trabalho dos cozinheiros. Também aí o desempenho de Naim foi elogiado.
O próprio Paul Bocuse lhe teceu elogios. "O rapaz demonstra técnica apurada ao fatiar e rechear o pernil, seu prato tem boas chances de dar certo", comentou ele.
Outro ponto positivo para a gastronomia brasileira foi a oportunidade dada a 24 jovens cozinheiros, das 12 duplas finalistas do Toque d'Or, a fase nacional do torneio, de presenciar um grande evento da alta culinária mundial, observar grandes cozinheiros em ação e conviver com mitos como Roger Vergé, Pierre Troigros e, principalmente, o próprio Paul Bocuse.

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