São Paulo, quinta-feira, 2 de outubro de 1997
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Uma 'macaca' dos sonhos e o sonho dos japs

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, o que esperar da união da velha cartolagem do futebol com os políticos brasileiros?
Dessa aliança nefasta, onde só eles, e mais ninguém, continuam rapinando o corpo em decomposição do futebol neste país?
*
Meus amigos, meus inimigos, o lançamento do terceiro volume da "História da Associação Atlética Ponte Preta", de Sérgio Rossi, me leva a um dos monstros sagrados do futebol no interior paulista, no tempo em que eu ainda vivia por lá.
Trata-se do belo time da macaca de 1969, que marcou época ao subir para a então chamada Divisão Especial e que, no ano seguinte, dividiria o vice da Especial com o Palmeiras (campeão: São Paulo).
Com uma molecada criada em casa, o técnico Zé Duarte comandou um time que durante toda a campanha só perdeu um jogo, o último do quadrangular decisivo, contra a Francana, e que, em campo, tinha um jogador que iluminou por um bom tempo o futebol do interior paulista: o grande Roberto Pinto, sobrinho de Jair da Rosa Pinto, que havia sido campeão carioca em um ótimo time do Bangu.
(Não sei por que, naquela época, a Ponte trocou a faixa preta transversal da camisa por duas listras pretas verticais, do lado esquerdo).
O fato é que o time, Wilson, Nelson, Samuel, Geraldo Spana e Luizinho; Teodoro e Roberto Pinto; um ataque no qual revezavam Joãozinho, Serginho, Alan, Manfrini, Dicá, Djair e Adílson, ganhava tudo e atraía a atenção dos meninos que se destacavam no futebol nas outras cidades, cujo sonho era passar na "peneira" da Ponte Preta.
Esse time ganhava tudo, não: perdeu um amistoso contra o Barretos, lá no Alto da Rua 20, por 4 a 2, com um dos gols do Barretos sendo marcado pelo meio-campista Bezerra -aquele que atuaria depois como lateral e zagueiro de área do São Paulo.
No ano seguinte, praticamente com o mesmo time e com Cilinho passando a ser o técnico no meio do campeonato, veio o vice da Especial.
Anos depois, Dicá participaria de um dos trios de meio-campo mais perfeitos que já vi atuar. Jogavam fácil e harmonicamente, com uma noção impressionante da presença do outro em campo: Humberto, Marco Aurélio e Dicá, um trio que por muito, muito pouco mesmo, não foi campeão paulista.
*
A história da relação do Japão com o futebol corre o risco de virar uma saga triste para os próprios japoneses.
Mas essa entrega quase juvenil a esse esporte vem causando traumas nos japinhas.
Primeiro, foi a eliminação dramática, em cima da hora, da Copa dos EUA. Depois, foi a quebra inesperada do projeto -tido com certo- de abrigar sozinho uma Copa do Mundo.
Agora, novamente em cima da hora, o sonho de ir à França fica ameaçado. Assim, nem paciência oriental aguenta.

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