São Paulo, sábado, 4 de outubro de 1997
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Sem soldados, multidão cerca carro

DA SUCURSAL DO RIO; DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O papa João Paulo 2º sorriu e acenou para a multidão que, sem a intervenção dos soldados do Exército, pôde se aproximar do carro que o levou ontem à tarde para a Base Aérea do 3º Comar.
No banco da frente do mesmo Alfa Romeo que pela manhã o havia levado, de semblante fechado, para o encontro com o presidente Fernando Henrique, o papa parecia satisfeito por ter sido atendido.
O Exército estava fora das ruas. À tarde, apenas policiais militares cuidavam do trajeto percorrido pela comitiva papal entre a residência do Sumaré e a Base Aérea, onde ele tomou o helicóptero que o levou ao Riocentro.
Na rua do Bispo (na Tijuca, zona norte) o policiamento foi feito por poucos PMs. A rua, que tem duas faixas, foi ocupada por fiéis que deixavam espaço para a passagem de apenas um carro de cada vez.
Quatro batedores da comitiva papal foram chamados para ajudar os policiais militares a abrir caminho. Pela manhã, a rua estivera ocupada por soldados da Polícia do Exército em uniformes de camuflagem e armados com fuzis e bombas de gás lacrimogêneo. A rua margeia o morro do Turano.
Às 17h05 a comitiva surgiu na descida da estrada do Sumaré. Sem cinto de segurança, João Paulo 2º olhava para os lados, aparentando satisfação.
A comitiva seguia em baixa velocidade. O primeiro carro, que levava os responsáveis pelo esquema de segurança da visita papal, adiantou-se um pouco e parou na esquina das ruas do Bispo e Haddock Lobo. Instantes depois, o carro com João Paulo 2º chegava à esquina. Ali o motorista reduziu a velocidade. Sempre sorrindo, o papa acenava para todos os lados.
Retrato fiel
Espremida, pela manhã, na calçada da rua Gago Coutinho esperando o papa passar, Magda Feitosa era o retrato do fiel que levou João Paulo 2º a pedir para relaxar a segurança ontem.
"Eu quero ver, eu quero ver. Não me apertem, não me empurrem", afirmava a aposentada de 70 anos antes de a comitiva papal passar. Agitando sua bandeira do 2º Encontro Mundial do Papa com as Famílias por baixo dos braços entrelaçados dos soldados, Magda protestou sorrindo.
"Não vou ficar brava. Só quero ver o papa pela terceira vez na minha vida", afirmou. Ela viu João Paulo 2º em Fortaleza, onde mora, em 1980. Em 1991, avistou o pontífice em Natal e ontem, no Rio.
O aposentado Adauto Aragonez de Faria, 72, protagonizou o único protesto durante a visita de João Paulo 2º ao Palácio Laranjeiras: um solitário cartaz reivindicando o perdão da dívida externa brasileira em troca da participação do país na Segunda Guerra Mundial.

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