São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997 |
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Um papa multicultural
NELSON DE SÁ
Na homilia (e depois, pelas ruas) demonstrou cansaço no rosto e limitou-se ao escrito. Nada de "cacos". Mas estavam ali, se não o ator (embora o papa tenha se empenhado na eucaristia), ao menos o escritor visionário e seus temas prediletos. Em primeiro plano, e pela primeira vez nesta visita ao Rio, a família. E ainda o multiculturalismo -o papa louvou muçulmanos como antes fez com os negros e os índios, ou melhor, os "afrobrasileiros" e os "povos indígenas". No Maracanã, voltaria ao tema diante das mil crianças reunidas, na descrição da Globo, "em mistura de grupos para representar a família brasileira, de brancos, índios e negros". Como se viu há dois anos em Nova York, em visita idêntica, este papa reverencia etnias mais do que nações (ele que já escreveu sobre o fim próximo do Estado-nação). É a visão que João Paulo 2º tem do Terceiro Milênio, de que fala sem parar. Visão de paraíso multicultural, mas sem lugar para divorciados, homossexuais etc. * Uma peça escrita pelo papa aos 40, já bispo, está em turnê americana. Já passou pelo Carnegie Hall, em Nova York. A Globo fez uma divertida apresentação. "A Joalheria" mostra a luta de três casais para entender amor e casamento. Um texto nada religioso, mais filosófico e psicológico, disse o diretor, também polonês. Divertidas foram as reações do papa. Quando recebeu o diretor em Roma, perguntou se o público gostava, e depois "encontrou tempo de ler todas as críticas". É João Paulo 2º, ator e autor muito atento à representação -e à sua recepção. * A Record armou ataques ao papa, no momento da missa. Um bispo da Igreja Universal defendeu até aborto: - A pessoa tem direito de decidir. Não é pecado. Um diálogo ouvido: - Papa tem filho? (risos) - Às vezes. (risos) Texto Anterior: Para revista evangélica, papa tenta conter 'debandada' de fiéis no país Próximo Texto: Papa diz que miséria destrói família e pede luta contra o desemprego Índice |
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