São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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Industriais do Mercosul decidem se unir

FERNANDO GODINHO
DE BUENOS AIRES

As duas principais entidades industriais do Brasil e da Argentina decidiram atuar de maneira conjunta para conseguir um maior poder de decisão do setor privado dentro do Mercosul.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) e a UIA (União Industrial Argentina) já marcaram uma reunião para o próximo mês, no Brasil, onde iniciarão as discussões sobre temas que atualmente representam disputas dentro desse bloco econômico.
Estão sob a mira das duas entidades questões como a recente polêmica sobre o comércio bilateral de açúcar, as exportações argentinas de trigo e o acesso de empresas do Mercosul aos setor de serviços no Brasil.
A idéia é fazer o setor privado discutir e resolver os problemas, sem a necessidade da interferência do setor público.
As duas entidades também querem que os empresários participem das negociações em torno da Alca (zona de livre comércio nas Américas proposta pelos Estados Unidos) e dos acordos entre o Mercosul e a União Européia.
A iniciativa da CNI e da UIA foi acertada em uma reunião das duas entidades ocorrida na última sexta-feira, em Buenos Aires. A estratégia contou com o apoio de representantes dos governos brasileiro e argentino.
"Existem vários problemas que podem e devem ser resolvidos pela iniciativa privada antes de chegar à instância governamental. Nós somos os principais atores do Mercosul", afirmou o presidente da CNI, senador Fernando Bezerra (PMDB-RN).
"Vamos tentar uma posição comum das indústrias no Brasil e na Argentina. Temos que fortalecer o Mercosul", avaliou o presidente da UIA, Cláudio Sebastiani (que é deputado pelo Partido Justicialista, o mesmo do presidente argentino Carlos Menem).
Para os presidentes da CNI e da UIA, não pode ocorrer uma crise institucional dentro do Mercosul sempre que acontece um problema comercial entre setores específicos de Brasil e Argentina -os principais sócios do bloco, formado ainda por Uruguai e Paraguai.
"O Mercosul é muito maior que um problema no comércio bilateral de açúcar", afirmou Fernando Bezerra, se referindo à recente legislação aprovada pelo Congresso argentino que proíbe a redução do Imposto de Importação incidente sobre o açúcar brasileiro.
Para afinar a atuação dos industriais brasileiros e argentinos, a CNI e a UIA realizarão pesquisas sobre o potencial das pequenas e médias empresas em um processo de integração econômica.

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