São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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Fapi deve custar menos que previdência

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

O Fapi (Fundo de Aposentadoria Programada Individual), regulamentado na última semana pelo Conselho Monetário Nacional, tem chances de ser mais atraente que os atuais planos individuais de previdência privada em termos de rentabilidade.
Nos produtos que já existem no mercado, a seguradora desconta, de cada contribuição feita pelo cliente, uma taxa de administração que varia de 3% a 12%. Se a taxa é de 5%, por exemplo, só R$ 95 de R$ 100 são capitalizados.
A rentabilidade obtida com a aplicação dos recursos não vai toda para o cliente. A seguradora garante IGP-M mais 6% ao ano e, do excedente, destina ao cliente entre 55% e 85%.
No Fapi, a taxa de administração funcionará como é hoje nos FIFs (Fundos de Investimento Financeiro), descontada da valorização das cotas.
Na hipótese de uma taxa de administração de 3% e rentabilidade nominal de 20%, por exemplo, o cliente ficaria com 16,5%. Tirando o custo de administração, toda a rentabilidade será apropriada pela cota do Fapi.
A possibilidade de dedução das contribuições da base de cálculo do Imposto de Renda na declaração anual existe tanto num quanto noutro produto, mas no Fapi é limitada a R$ 2.400 por ano, ou R$ 200 por mês.
Não deixa de ser uma restrição, mas empresas e seguradoras que já operam planos individuais de previdência privada, como a Prever e a Bradesco, dizem que o valor é próximo ao da média desembolsada por seus clientes.
Antonio Lopes Cristóvão, diretor da Bradesco Previdência, lembra que produto semelhante nos Estados Unidos, o IRA (Individual Retirement Account), com 27 milhões de participantes, permite dedução até US$ 2.500/ano.
O mercado espera só a definição da Receita Federal sobre o IOF na hora do saque para lançar o Fapi.
A lei estabelece 25% como alíquota máxima nos saques de cotas antes do prazo de dez anos, a partir do qual haverá isenção. Adotada assim, de forma rígida, essa regra não deixaria o produto vingar.
Mas José Roberto Mendonça de Barros, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, considerado o "pai" da idéia, adianta que as alíquotas serão decrescentes. Não tem sentido saque depois de um ano ou de nove anos ter a mesma taxação. A idéia, segundo Mendonça de Barros, é que o IOF obedeça a uma curva.
Ou uma reta e depois a curva, acrescenta Francisco Marcelo Rocha Ferreira, consultor da Secretaria de Política Econômica.

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