São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997 |
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Honda abre novo ciclo de investimentos
ARTHUR PEREIRA FILHO
Amanhã, às 11h, em solenidade que contará com a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso, a japonesa Honda inaugura em Sumaré (SP) a primeira fábrica de automóveis da marca no Brasil. O início de operações da Honda -é a quinta montadora de carros a se instalar no país- representa o início de um novo ciclo da indústria automobilística brasileira. Essa nova fase de investimentos se tornou possível com a abertura do mercado e a criação, pelo governo brasileiro, em 1995, do regime automotivo, que concedeu incentivos para que novas fabricantes decidissem vir para o país. Atrás da Honda vem muita gente. De olho em mercado de 2,5 milhões de veículos no ano 2000, que deve transformar o país em um dos cinco mais centros consumidores do planeta, pelo menos 13 marcas já anunciaram projetos de construir fábricas no Brasil. Boa parte delas está com obras em andamento e prevê o início de produção para o final do ano que vem. Entre elas, Toyota, Renault, Audi e Mercedes-Benz. Para não perder espaço para os "newcomers", como são chamados os novos fabricantes, as montadoras já instaladas -Volkswagen, Ford e General Motors, que começaram a produzir carros no Brasil no final dos anos 50, além da Fiat- também constroem novas unidades e ampliam a produção das existentes. No total, novas montadoras e empresas já instaladas se comprometem a investir no país US$ 19 bilhões em quatro anos. Estratégia A Honda construiu a fábrica de Sumaré em 16 meses. Com investimento inicial de US$ 100 milhões, vai produzir em 98 15 mil Honda Civic Sedan, carro médio que concorrerá com modelos como Vectra, da GM, Tempra, da Fiat, e Santana, da Volkswagen. A empresa vendeu no ano passado somente 2.076 carros importados. No ano que vem, com o Civic brasileiro, quer abocanhar 5% do mercado de carros médios, estimado em 300 mil unidades. Em 99, a meta é atingir 10%. "A estratégia da Honda é começar pequeno e crescer passo a passo", explica o engenheiro químico Koichi Kondo, 50, que ocupa o cargo de presidente da Honda brasileira há 15 meses. Até o final deste ano, a Honda de Sumaré vai produzir 1.200 carros, em um turno de trabalho com 280 funcionários. Em 98, com a adoção do segundo turno e 500 funcionários, a fábrica pretende montar 15 mil unidades/ano. "Em 99 a produção dobra, sobe para 30 mil carros", diz Kondo. Para chegar lá, a montadora vai investir mais US$ 50 milhões. A seção de estamparia, por exemplo, já está sendo construída e fica pronta em setembro do ano que vem. Vai permitir a produção de peças como portas, capôs e tetos, que hoje são importadas dos EUA. Mas a Honda não vai ficar por aí. "Para justificar a instalação de uma fábrica no Brasil é preciso atingir pelo menos a produção de 100 mil veículos", diz Kondo. A previsão da empresa, no longo prazo, é investir cerca de US$ 800 milhões nos primeiros dez anos de atividade no Brasil. Qualidade superior A fábrica brasileira da Honda é pouco automatizada. Segundo Kondo, o volume baixo de produção inicial torna economicamente inviável o uso intensivo de robôs. Mas isso, diz ele, não significa redução de qualidade. "Conseguimos atingir em Sumaré um nível de qualidade superior ao dos EUA", afirma Kondo. A Honda vai produzir no Brasil o Civic Sedan nas versões LXB, LX e EX. As duas últimas têm a opção do câmbio automático. O carro vai custar entre R$ 25.950 e R$ 35.700. "Em média, o preço é 20% inferior ao importado", explica Kondo. O Civic será exportado a partir de 99. A Honda pretende vender entre 3.000 e 5.000 unidades na Argentina, ou seja, pouco mais de 10% da produção. Inicialmente o carro terá índice de nacionalização (volume de peças nacionais usadas no veículo) de 47%. O Civic conta hoje com 45 fornecedores instalados no Brasil. Os componentes principais -motor, transmissão, suspensão- estão sendo importados dos EUA. O índice exigido pelo regime automotivo -60%- deve ser alcançado no final de 98. Texto Anterior: Globo corta programação de TV a cabo em SC Próximo Texto: Montadora vai fazer modelo 'popular' Índice |
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