São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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BCN e Credireal continuam separados

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase dois meses após arrematar o Credireal no leilão de privatização realizado pelo governo mineiro, o BCN (Banco de Crédito Nacional), do banqueiro Pedro Conde, já definiu os pontos básicos da estratégia de incorporação.
A principal delas é quase uma contradição: o Credireal não será incorporado.
Pelo menos nos próximos dois anos, serão dois bancos separados. Embora a instituição mineira tenha sido adquirida pelo BCN e integre, portanto, o mesmo pacote caso este seja vendido para o espanhol Bilbao Vizcaya, conforme tem se noticiado.
"Essa separação se deve a razões mercadológicas e também fiscais, decorrentes do processo de privatização", disse à Folha o novo presidente do Credireal, José Luiz Acar, que acumula o cargo de diretor vice-presidente do BCN.
As razões mercadológicas, explica, estão baseadas na percepção de que o perfil do cliente do Credireal é diferente do do BCN.
"Na média, o cliente do Credireal tem um nível de renda menor. E a idéia é atendê-los de maneira diferenciada, com produtos adaptados."
O aspecto fiscal está relacionado aos prejuízos acumulados pelo Credireal nos últimos anos. Só no primeiro semestre foram R$ 59 milhões de perda.
Por lei, o Credireal tem direito a abater esses prejuízos dos lucros futuros e, com isso, se beneficiar do não pagamento do imposto de renda. Caso a instituição fosse incorporada, no entanto, esse direito seria perdido.
Embora separados na produção, ou seja, na captação de recursos, venda de produtos, aplicações e também na publicação de balanços, é inevitável que os dois bancos, aos poucos, sejam "alinhados".
Agora em outubro as agências do Credireal começarão a ganhar um novo visual. Nos letreiros aparecerá o nome BCN Credireal.
O nome Credireal será mantido num primeiro momento porque uma pesquisa realizada na praça mineira mostrou que a marca é forte e pode ajudar na consolidação do BCN na região. Já as agências do BCN não devem levar o nome Credireal.
Nas cores do banco, o azul e o branco darão lugar ao preto e branco do BCN. Primeiro nas fachadas, depois nos produtos e materiais internos.
A estrutura administrativa dos dois bancos será unificada. A organização do Credireal foi adaptada ao modelo do BCN, cujos executivos passarão a responder pelas áreas equivalentes no banco mineiro.
"Tivemos uma surpresa agradável porque o Credireal tinha um nível de informações gerenciais muito bom, o que facilitou o trabalho de integração. A casa estava arrumada", disse o novo vice-presidente do Credireal, Jorge Nassif Neto.
Ele, que é diretor de seguros e crédito imobiliário do BCN, está dividindo o comando da reestruturação com Acar.
A linha de produtos do BCN, aos poucos, está sendo exportada para Minas Gerais. "Os produtos de mais fácil comercialização, como o leasing de automóveis, os seguros e uma linha de crédito para pessoa física já estão disponíveis", afirmou José Luiz Acar.

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