São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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Cidade parece canteiro de obras

JOÃO BATISTA NATALI
DO ENVIADO A SYDNEY

Quarta-feira da semana passada.
A chuva da primavera australiana cai intensa a 14 quilômetros a noroeste do centro da cidade de Sydney, sede dos Jogos Olímpicos do ano 2000.
No bairro de Homebush Bay, os tratores quase encalham nas ruas cobertas pelo barro, mas não param de funcionar.
Pela agitação do canteiro de obras, é como se a Vila Olímpica precisasse ficar pronta dentro de seis meses.
O estádio principal tem ainda 20 meses de obras, mas já está com a estrutura das arquibancadas concretadas e já recebeu as quatro primeiras das estruturas metálicas que farão sua cobertura (54 mil dos 110 mil lugares serão abrigados). Há 1.500 operários trabalhando na obra.
A região de Homebush Bay foi ocupada pelo homem branco em 1810. A família Wentworth possuía uma fazenda para a criação de cavalos. Foi também ela que promoveu as primeiras competições equestres, por lá praticadas até o início do século (1907).
Homebush Bay, a partir de então, virou o matadouro de Sydney. Nos tempos áureos, eram abatidos 20 mil animais por dia. Ali, trabalhavam 1.600 pessoas.
Paralelamente, o governo instalou nas imediações uma estatal que produzia tijolos. Era uma forma de manter a estabilidade nos preços da construção civil, quando, nos anos 40 e 50, a Austrália se tornou um país urbano e não mais essencialmente rural.
Desde 1988 Homebush Bay virou área de urbanização prioritária.
O projeto para casas e pequenos prédios de apartamentos foram congelados em 1992, com a candidatura de Sydney para ser sede dos Jogos Olímpicos do ano 2000.
Mas essa vocação habitacional será cumprida.
As empreiteiras que construirão os alojamentos a partir do ano que vem poderão comercializá-los com a volta dos competidores a seus países de origem.
Para as competições e treinamentos, há por enquanto 19 edificações projetadas ou já em construção. Uma única já está pronta, desde outubro de 1994. É o centro aquático, onde serão disputadas as provas de natação.
Homebush Bay tem acesso ao "porto" de Sydney. O chamado porto é, na verdade, uma baía estreita, que se ramifica por mais de 60 praias ou pontos de atracação.
Na cidade australiana, as linhas de balsa são tão frequentadas quanto as de ônibus ou metrô.
A lógica das autoridades locais é investir o máximo em transportes coletivos, para que, no ano 2000, a cidade não pare em meio a monstruosos congestionamentos.
Só em direção à Vila Olímpica, as linhas de metrô, barco e ônibus poderão transportar até 90 mil passageiros a cada hora.
(JBN)

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