São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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Lusa tem que se recuperar para não afundar

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Depois do patético show dos Trapalhões do Morumbi, no Canindé, há duas semanas, a Lusa, líder impávida, despencou. Pode ser mera coincidência, mas duvido que Edinho e o elenco luso -sem falar na diretoria sensibilizada- vivam o mesmo astral azul-celeste de antes do lamentável episódio.
O diabo é que nessa praia está o Santos, menos peixe ou baleia, como reza a tradição, e muito mais golfinho, se levarmos em conta a sinuosa trajetória que cumpre neste campeonato. Ora, ascende em risonha performance; ora, mergulha em depressão.
Hoje, pelo menos, deverá ter de volta Marcus Assunção, a âncora do meio-campo, cuja ausência fazia o barco adernar pra cá, pra lá, no balanço das ondas do humor do técnico Luxemburgo, que não consegue se fixar num quarteto afinado para esse setor. Por tudo isso, espera-se um bom jogo.
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Quem não joga é o Palestra, que, se interpretar a derrota diante do Vasco como um teste, pode se considerar aprovado. Como, se perdeu? Perdeu, sim, mas por consequência de uma falha primária de Júnior, logo no comecinho do jogo.
Mas, mesmo perdendo de 2 a 0, em 6 minutos de partida, recuperou-se e deu um sufoco no adversário, que, diga-se, se não é o melhor do Brasil, atualmente, está ali, ó.
Mostrou força anímica para reagir e condição técnica para se impor. Meno male, como diria o comendador Fumagalli.
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Alvíssaras! (A expressão é para se adequar aos novos tempos tricolores). Eis que o São Paulo, enfim, contratou um jogador de renome, campeão do mundo e tal e cousa e lousa e maripousa. Falo de Márcio Santos, o homem certo para o lugar certo. Mais que isso. Trouxe Silas, seu rebento, que, depois de correr mundo, fixou-se no San Lorenzo de Almagro, onde é ídolo.
O destro Silas, com seu apurado senso de organização e incansável movimentação, será o parceiro ideal do menino Denílson, única luz nesse trevoso meio-campo tricolor.
Ora, como esse Zé Carlos parece estar dando conta do recado na lateral-direita, com Márcio Santos e Silas, o São Paulo, finalmente, terá composto um time de 11 jogadores de bom nível técnico.
O suficiente, pelo menos, para manter-se em atividade digna caso não atinja a classificação, nesses torneios paralelos por aí. Mas muito pouco ainda para quem, nos últimos tempos, se desfez de seletíssimo contingente de craques, como Zetti, Cafu, Antônio Carlos, Gilmar, Ronaldão, André, Leonardo, Raí, Palhinha, Doriva, Macedo, Muller, Elivélton, Bentinho, Valdir, chega?
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Pelo andar da carruagem (no caso, é o veículo certo), esse projeto do Pelé vai sair do Congresso com o talhe do Quasímodo e a alma do bebê de Rosemary.
É capaz de sobrar só o voto unitário, para desgraça total.

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