São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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Violência legítima de um poder ilegítimo?

5 - A figura 5 é contruída pelo desenho de um pentágono.
No cabaré da globalização, o Estado se entrega a um striptease, ao termo do qual não conserva mais que o mínimo indispensável: sua força de repressão. Destruída a sua base material, anulada a sua soberania e independência, eliminada a sua classe política, o Estado-Nação torna-se um mero aparelho de segurança a serviço de megaempresas. Em vez de orientar o investimento público pela despesa social, ele prefere aperfeiçoar os equipamentos que lhe permitem controlar com mais eficácia a sociedade.
O que fazer, se a violência procede das leis do mercado? Quando a violência é legítima? Quando é ilegítima? Que tipo de monopólio da violência podem reivindicar os infelizes Estados-Nações, quando o livre jogo da oferta e da procura desafia um tal monopólio? Não acabamos de mostrar, na peça nº 4, que o crime organizado, o governo e os centros financeiros encontram-se intimamente ligados? Não é evidente que o crime organizado conta com verdadeiros exércitos? O monopólio da violência não pertence mais aos Estados-Nações: o mercado o pôs em leilão...
Se a contestação do monopólio da violência invoca não as leis do mercado, mas os interesses dos "de baixo", então o poder mundial verá nisso uma agressão. Este é um dos aspectos menos estudados (e mais condenados) do desafio lançado contra o neoliberalismo e a favor da humanidade pelos índios armados do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN).
O símbolo do poder militar americano é o Pentágono. A nova polícia mundial quer que os exércitos e as polícias nacionais sejam um simples corpo de segurança, que garanta a ordem e o progresso nas megalópoles neoliberais.

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