São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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Mundialização financeira e generalização do crime

4 - A figura 4 é construída com o desenho de um retângulo.
Se vocês pensam que o mundo da delinquência é sinônimo de regresso e de obscuridade, estão enganados. Durante o período da Guerra Fria, o crime organizado adquiriu uma imagem mais respeitável. Ele não apenas começou a funcionar como uma empresa moderna, mas também penetrou profundamente nos sistemas políticos e econômicos dos Estados-Nações.
Com o início da Quarta Guerra Mundial, o crime organizado globalizou suas próprias atividades. As organizações criminais dos cinco continentes infundiram-se do "espírito de cooperação mundial" e, associadas, participam da conquista de novos mercados. Eles investem nos negócios legais, não somente para lavar o dinheiro sujo, mas para adquirir o capital destinado a seus negócios ilegais. Atividades preferidas: os imóveis de luxo, o lazer, a mídia e... os bancos.
Ali Babá e os 40 banqueiros? Pior. Os bancos comerciais utilizam o dinheiro sujo para suas atividades legais. Segundo um relatório das Nações Unidas, "o desenvolvimento dos sindicatos do crime foi facilitado pelos programas de ajuste estrutural que os países endividados foram obrigados a aceitar, para ter acesso aos empréstimos do Fundo Monetário Internacional" (3).
O crime organizado também conta com os paraísos fiscais. Existem cerca de 55 -um deles, as Ilhas Cayman, ocupa o 5º lugar como centro bancário e possui mais bancos e sociedades registradas que habitantes.
Além da lavagem de dinheiro, os paraísos fiscais servem para escapar aos impostos. Eles são lugares de contato entre governos, homens de negócios e chefes mafiosos.
Eis, portanto, o espelho retangular, no qual legalidade e ilegalidade trocam de reflexo. De que lado do espelho está o criminoso? De que lado o perseguidor?

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