São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997 |
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Desenhos revelam gênio criativo do artista
CELSO FIORAVANTE
Certo ainda é que a Casa Buonarroti, de onde vieram os desenhos, não mandou o que tem de melhor, como deixou claro a diretora Pina Ragionieri. Essas pequenas medidas, porém, só servem para evidenciar a grandeza do mestre renascentista italiano, que conseguia, com o requinte de seu traço, transmitir todo o seu gênio criativo e o completo domínio da anatomia humana. Michelângelo seguiu os ideais de beleza da Grécia Antiga, baseados no equilíbrio das formas. Foi um mestre na reprodução do corpo humano, em todos os seus gestos e movimentos possíveis, habilidade adquirida com a dissecação de cadáveres. Seu homem é viril e musculoso, o centro do universo. Michelângelo era um visionário. "Sagrada Família", por exemplo, sua primeira pintura, era um prenúncio do maneirismo. Ao distorcer as formas da anatomia humana, evidenciando tensões e relaxamentos, Michelângelo colocou emoção nos blocos de mármore e antecipou o barroco. Mas uma mostra apenas de desenhos de Michelângelo poderia até ser decepcionante. Para evitar isso, o Masp organizou uma mostra paralela com cerca de 60 pinturas italianas de seu acervo e de outras coleções brasileiras. Apenas uma das salas, a segunda, contém quatro obras-primas da história da arte que já valem uma visita e colocam o museu entre os mais importantes do mundo: "São Sebastião na Coluna", de Perugino; "Ressurreição de Cristo", de Rafael; "A Virgem e o Menino Abraçando a Mãe", de Bellini; e "São Jerônimo no Deserto", de Mantegna (leia textos sobre os dois últimos nesta página). Boa idéia também é reservar um pouco mais de tempo para a visita e assistir ao vídeo sobre o artista e sua época que está sendo exibido no térreo do museu, muito ilustrativo da produção e da efervescência política e cultural da época. Mostra: Michelângelo (19 desenhos e uma carta do artista, 34 obras de seguidores, duas peças arqueológicas, 60 pinturas italianas de acervos brasileiros) Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, tel. 011/251-5644, Cerqueira César) Quando: de terça a sexta, das 9h às 22h; sábado e domingo, das 8h às 22h. Até 15 de novembro Quanto: entrada franca (apenas hoje). Normalmente, R$ 8 e R$ 4 (estudantes). Maiores de 60 anos e menores de 10 anos não pagam Texto Anterior: Pintor flamengo criou entre luz e trevas e fez de homens animais Próximo Texto: Mantegna pinta dúvida de santo Índice |
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