São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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Migração, o pesadelo errante

3 - A figura 3 é construída pelo desenho de um círculo.
Já falamos da existência, no fim da Terceira Guerra Mundial, de territórios (os antigos países socialistas) a conquistar e de outros a reconquistar. Daí a tríplice estratégia dos mercados: as "guerras regionais" e os "conflitos internos" proliferam; o capital persegue um objetivo de acumulação atípico; e grandes massas de trabalhadores são mobilizadas.
Resultado: uma grande ciranda de milhões de migrantes através do planeta. "Estrangeiros" num mundo "sem fronteiras", segundo a promessa dos vencedores da Guerra Fria, eles sofrem perseguições de xenófobos, a perda de sua identidade cultural, a repressão policial e a fome -isso quando não são jogados nas prisões ou são assassinados.
O pesadelo da emigração, qualquer que seja sua causa, continua a crescer. O número daqueles que dependem do alto comissariado das Nações Unidas para os refugiados literalmente explodiu, passando de 2 milhões, em 1975, a mais de 27 milhões, em 1995.
A política migratória do neoliberalismo tem por meta desestabilizar o mercado mundial do trabalho, e não pôr freios à imigração. A Quarta Guerra Mundial -com os seus mecanismos de destruição/despovoamento, reconstrução/reorganização- provoca o deslocamento de milhões de pessoas.
Seu destino é errar, com o pesadelo às costas, a fim de constituir uma ameaça para os trabalhadores que dispõem de emprego -um espantalho capaz de fazer esquecer o patrão e um pretexto para o racismo.

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