São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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Presidente da empresa defende contrato

DOMINIQUE GALLOIS
DO "LE MONDE"

O presidente da gigante de petróleo francesa Total, Thierry Desmarest, defende o contrato bilionário assinado com o Irã e acha que sua empresa não será afetada por possíveis sanções americanas.
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Pergunta - O senhor acaba de assinar um contrato importante no Irã, apesar da ameaça de sofrer sanções dos EUA. Por que assumir tal risco?
Thierry Desmarest - O Oriente Médio abriga dois terços das reservas mundiais de petróleo e um terço das de gás. Uma empresa petrolífera não pode ter estratégia de longo prazo sem procurar reforçar sua posição na região. Para a Total é algo visceralmente cultural: nascemos lá e foi lá que estabelecemos posições importantes. O Irã é um país essencial, já que, sozinho, possui cerca de 10% das reservas de petróleo e 20% das de gás.
Pergunta - O senhor teme uma possível represália americana?
Desmarest - Temos o pleno direito de investir no Irã. Há até uma regulamentação francesa que nos proíbe de nos submeter às leis extraterritoriais americanas. Estamos em pleno exercício de nosso direito. As autoridades americanas, pressionadas por certos lobbies, implementaram legislação que prevê sanções para empresas que invistam no Irã ou na Líbia. Fizemos um estudo dessas sanções. Elas não encerram nenhuma implicação real para a Total.
Pergunta - Antes de assinar, o senhor conseguiu apoio na França e na Europa?
Desmarest - Apoio total. Recebemos respostas muito claras de todos os níveis, reconhecendo que estamos em nosso pleno direito.
Pergunta - O senhor está preparado para assumir possíveis sanções contra sua empresa nos EUA?
Desmarest - Nos EUA acabamos de promover uma fusão entre a Topna, nossa subsidiária de distribuição, e outra empresa americana, a Ultramar Diamond Shamrock, e não controlamos mais do que 8% do resultado dessa fusão. Não vejo quem possa pretender atacar a Ultramar.
Pergunta - O senhor não teme que o acordo iraniano possa manchar a imagem da Total? Sua empresa não pode se tornar suspeita de financiar o terrorismo?
Desmarest - Essas histórias de financiamento do terrorismo são absurdas. O Irã produz 3,6 milhões de barris de petróleo por dia. Dizer que a produção desse campo de gás permitirá ao Irã financiar atos terroristas, quando o país obtém uma receita maior com sua produção atual, não faz sentido.

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