São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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Juíza paraguaia anula ordem de prisão contra Oviedo

Presidente queria que general fosse detido devido a críticas

DA REDAÇÃO

Uma juíza de primeira instância anulou na noite de sexta ordem do presidente do Paraguai, Juan Carlos Wasmosy, para que o general da reserva Lino César Oviedo fosse preso por 30 dias.
A ordem fora emitida horas antes por Wasmosy na condição de comandante-chefe das Forças Armadas. O presidente considerou que Oviedo, seu principal adversário político, cometeu uma infração militar ao fazer críticas ao governo, durante uma viagem à Argentina e ao Uruguai, na semana passada.
O presidente disse que respeita a decisão da Justiça, mas que vai recorrer dela -tem três dias para fazê-lo. A juíza Blanca Florentín concordou com a alegação do advogado de Oviedo, José Francisco Appleyard, segundo a qual militares da reserva devem se submeter à Justiça comum, não à militar.
No ano passado, Oviedo protagonizou uma frustrada tentativa de golpe militar. Wasmosy encerrou aquela crise ao prometer dar a ele o cargo, civil, de ministro da Defesa, mas recuou quando o general passou à reserva para poder assumir o ministério.
Em setembro passado, Oviedo conquistou a candidatura do Partido Colorado (governista) à Presidência. Para isso, ele derrotou Luís María Argaña e Carlos Facetti, o candidato de Wasmosy, nas primárias do partido. As eleições acontecem em maio do ano que vem, e Oviedo é favorito.
Os partidários dele apontam "planos macabros" por trás da frustrada ordem de prisão. Inicialmente, seu advogado disse que era uma tentativa de Wasmosy de criar convulsão entre os partidários do militar, como pretexto para a decretação de medidas de exceção.
Alejandro Velázquez, porta-voz do Unace, a ala oviedista dentro do Partido Colorado, foi mais longe e apontou um plano para levar o general ao suicídio: enquanto Oviedo estivesse preso na sede da Primeira Divisão de Infantaria, nos arredores de Assunção, a Justiça Eleitoral proclamaria Luís María Argaña como vencedor das prévias, razão pela qual Oviedo se mataria em sua cela.
O comando do Unace pediu que seus militantes mantenham "uma conduta estritamente ajustada à Constituição e às leis". Ou seja, o grupo está tentando evitar um clima de confrontação que possa aumentar a crise.
Parlamentares ouvidos pelo jornal "ABC Color" avaliaram que a ordem de prisão contra Oviedo deve aumentar a divisão no Partido Colorado, que governa o Paraguai há cerca de 50 anos -inclusive no período em que deu sustentação à ditadura do general Alfredo Stroessner.

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