São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997 |
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O que fica
LUIZ CAVERSAN Rio de Janeiro - É pouco provável que mude muita coisa no cenário político religioso do país por causa dessa terceira visita do papa.João Paulo 2º volta a Roma hoje deixando para trás a mesma imagem que vem propagando desde o começo de seu pontificado: a de um líder severo, carismático, espirituoso, mas intransigente em sua linha política. Deixa também, entre seus seguidores, um sensação de intensidade, competência e dramaticidade, como analisou apropriadamente o antropólogo Gilberto Velho, na sua elucidativa entrevista à repórter Cláudia Trevisan. Será que a presença do papa e a possibilidade de um contato digamos pessoal com esses predicados converteu alguém, aumentou o número de seus seguidores no Brasil? Convenceu, por exemplo, os que procuram o imediatismo da Igreja Universal do Reino de Deus de que o caminho propagado pelo Vaticano é melhor? Provou que os espíritas devem abandonar sua crença na solicitude dos espíritos, em nome do pai, do filho e do Espírito Santo? Incutiu alguma fé naqueles que professam o ateísmo convicto? Difícil saber. Há ainda outros elementos complicadores -o sexo como atividade cotidiana independente da consagração matrimonial, contraceptivos, a aceitação cada vez maior e mais descomplicada do homossexualismo, o aborto legal ou não, a desagregação familiar e as drogas- no caminho dos que procuram pautar suas vidas a partir dos valores espirituais, ortodoxos ou não. O papa e sua pregação apenas acrescentam elementos de questionamento nessa jornada da humanidade em direção ao terceiro milênio. * Onze mortos em três dias. É a Polícia Militar do Rio aproveitando as atenções da mídia nacional e internacional para propagar seus métodos radicais de "trabalho". Benza Deus. Texto Anterior: O sertão vai virar mar Próximo Texto: O papa e a humanização dos recursos Índice |
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