São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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Negócio teve ter planejamento para funcionar

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Não importa a área em que atuem, todos os artistas são unânimes ao falar sobre a atividade: "É preciso estar certo do que se quer. Não é fácil trabalhar só por dinheiro com algo que exige dedicação", afirma Paulo von Poser, 36.
O artista plástico, que pinta em tela, papel, tecido, diz que o mercado de arte melhora visivelmente.
Mesmo otimista, ele, que ganha R$ 2.000 por mês com quadros, diz que é praticamente impossível viver bem só com arte. "Dou aula de arquitetura para complementar."
Assim como ele, Maria do Rosário Guimarães Farto, 45, completa o orçamento com aula de pintura. Ela abriu uma loja para vender suas peças e de outros artistas.
O investimento na loja, feito há nove meses, já apresenta resultados satisfatórios, afirma. "A procura, por parte dos clientes e dos artistas, é grande." Para ela, a loja rende R$ 2.000 por mês. "É bom para quem está começando".
Lá, as obras de outros artistas são recebidas em consignação, e o lucro dela com as vendas é variável. "Nos quadros, a margem de lucro é de 30% sobre o valor dado pelo artista. Nas outras peças, 40%."
Mas nem todos concordam com o método. Alguns não vêm vantagem em deixar suas obras nas lojas sem uma garantia de venda. Para eles, o melhor negócio é quando o dono da loja compra o produto.
"Às vezes, peça demora a ser vendida porque o dono quer ganhar muito em cima", afirma Arthur Guimarães de Almeida, 48.
Para quem trabalha só com quadros, a consignação é um caminho certo. Galerias recebem obras de quem tem afinidade com o local. As peças ficam em exposição até serem vendidas. "Trabalhamos mais com consignação. Compramos algumas para revender ou para compor o acervo da galeria", diz o marchand Oscar Cruz, 43.
No entanto, conseguir espaço numa galeria pode ser uma tarefa difícil. Peter Cohn, 57, marchand da Dan Galeria, diz analisar todas as propostas. Mas considera indispensável a afinidade com a obra.
"Trabalhamos com artistas contemporâneos consagrados. Às vezes abrimos exceção para o que é muito bom." Cohn diz que as obras negociadas são acrescidas sempre de 30%. "Esse percentual é uma praxe do mercado."
Os marchands dizem que é difícil orçar uma exposição. "O mercado muda muito", diz Oscar Cruz, 43, da Galeria Cohn Edelstein.
O artista plástico Alvaro Vaz, 32, discorda. Ele diz ter tentado expor em muitas galerias, mas só ouviu respostas negativas. "Cansei de procurar marchands dispostos a examinar o material. Tentei de tudo e só levei porta na cara."
Uma das alternativas encontradas por Vaz e usada por muitos é a exposição em bares. "Acho um mercado interessante para aparecer e mostrar o trabalho."

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