São Paulo, segunda-feira, 6 de outubro de 1997
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Onda de panes telefônicas irrita usuários

RITA NAZARETH
DA REPORTAGEM LOCAL

Muito se tem falado sobre as panes telefônicas em São Paulo. Alguns usuários afirmam que, além de enfrentar interferências e impossibilidade frequente de efetuar ou receber ligações, estão pagando taxas indevidas.
No dia 19 de setembro, o telefone da professora universitária Aurora Bernardini, 54, ficou mudo. "Solicitei o reparo no mesmo dia e a atendente me prometeu o conserto em até 48 horas", diz.
Depois desse período, o telefone continuou mudo. "Liguei novamente para a Telesp (Telecomunicações de São Paulo) e me disseram que um técnico já havia examinado as linhas", diz. "A atendente também me informou que o problema era na minha fiação."
Segundo Aurora, a atendente também teria dito que um técnico da Telesp cobraria R$ 9 pela visita e R$ 60 pelo conserto e que só viria se a casa não tivesse TV a cabo.
"Como tenho TV paga, acabei contratando um técnico particular por R$ 60", afirma Aurora. "Posteriormente, vim saber pela Multicanal que uma coisa não tinha nada a ver com a outra."
Após a verificação do técnico particular contratado, Aurora ficou sabendo que o problema era da Telesp.
"Tentei falar várias vezes com algum supervisor da empresa e não consegui", diz a professora. "Agora espero, no mínimo, que me devolvam o dinheiro que paguei inutilmente."
A Telesp mandou um técnico à casa de Aurora na sexta-feira (veja texto ao lado).
"Mal-educadas"
Nas últimas semanas, a Folha tem recebido queixas sobre panes em telefones de usuários de pontos diversos da cidade.
Segundo aqueles que fizeram reclamações à Telesp, a empresa atribui os problemas telefônicos a causas múltiplas. "As atendentes são muito mal-educadas e despreparadas", diz Aurora.
O gerente comercial Claudio Roberto Machado Lopes, 31, também teve problemas com seu telefone.
Ele conta que, em maio deste ano, sua conta de telefone registrou quatro ligações para a África, num valor total de R$ 21,58.
"No mesmo mês, a Telesp me devolveu o dinheiro, dizendo que a Embratel faria a pesquisa para ver se a cobrança era ou não devida", diz Lopes. "Dois meses depois, os valores foram novamente cobrados."
Lopes conta que, ao recorrer novamente, uma das supervisoras teria dito que seria impossível uma nova restituição. Ele afirma que ela também teria atribuído a causa do problema ao telefone sem-fio. "Em primeiro lugar, não tenho relações com a África, em segundo, meu telefone não é sem-fio e, finalmente, quero meu dinheiro de volta", diz Lopes.
Só computador
A Telesp informa que as causas dos problemas com telefones são múltiplas. As mais comuns são: raios, acidentes com veículos e obras em ruas. "O número de telefones em São Paulo está crescendo, mas o sistema está se modernizando", diz Antonio Carlos Domingues da Silva, um dos gerentes da telefonia fixa da Telesp.
Segundo Silva, as atendentes do 103 têm uma lista de instruções em computador para orientar os usuários de telefones. "Elas não podem falar nada além do que está escrito na tela."
Ele também informa que, como a usuária afirmou, não há ligação entre o cabo telefônico e o de TV. "Mesmo assim, acho estranho que as atendentes tenham tocado nesse ponto, já que não faz parte de suas instruções."

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