São Paulo, segunda-feira, 6 de outubro de 1997
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Andy Summers, discreto, toca na Bahia

PAULO VIEIRA
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

O ex-guitarrista do Police, Andy Summers, está em discreta temporada pelo Brasil. Começou em Brasília, apresentou-se para 180 pessoas na Cinemateca do MAM do Rio de Janeiro na terça-feira passada, passou por Petrópolis e abriu, na última quinta, um festival de música instrumental em Salvador, o Acarajazz Festival -que segue até o fim de outubro.
Na Bahia, ele fez três apresentações, todas ao lado do guitarrista Victor Biglione, que conheceu ouvindo discos.
Os dois muniram-se de um repertório de clássicos do jazz como "Night in Tunisia" (Dizzy Gillespie), "Spain" (Chick Corea) e o que Summers chama de "obra-prima", "Manhã de Carnaval" (Luiz Bonfá), que ele ouviu pela primeira vez no filme "Orfeu de Carnaval", de Marcel Camus.
Não foi só: teve John Coltrane, Django Reinhardt, Charles Mingus, Lester Young. Vacas sagradas do jazz, e nenhum tema do Police -embora ele diga que não se furtaria em apresentar, por exemplo, "Message in a Bottle".
Aos 55 anos, Summers disse que gosta de "aventura" e de tocar, independente do gênero musical. Ele, que esteve recentemente no Heineken Concerts, no show em tributo a Milton Nascimento, desdenhou o fato de ser outrora um pop star.
Police
Sobre a possível volta do Police, foi lacônico: "são só boatos, mas não é impossível". Enquanto Summer-Biglione toca a cachê de R$ 4.000 por apresentação, os circunstantes brasileiros de Andy sibilam ao citar a cifra que ele receberia, se voltasse com o Police: US$ 30 mil.
Enquanto isso, o cinquentão, que entrou no Police mesmo sendo dez anos mais velho que seus ex-colegas, vai aproveitando as tardes livres para comprar discos de música instrumental brasileira -Hermeto Pascoal e Pixinguinha, por exemplo-, e tira fotografias.
Quem parece estar mais feliz é o guitarrista Victor Biglione, que nasceu na Argentina mas radicou-se desde cedo no Rio.
"Pude dar o troco no Herbert Viana, que uma vez me disse estar cansado de ganhar dinheiro no meu país. Agora eu posso dizer: 'você faz isso, mas quem toca com o guitarrista que mais te influenciou sou eu'."

O jornalista Paulo Vieira viajou a Salvador a convite da organização do Acarajazz Festival

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