São Paulo, segunda-feira, 6 de outubro de 1997
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DESCONTROLE NA SAÚDE

Ainda é difícil precisar a extensão da atual crise na saúde pública. Mas, a julgar pela gravidade das últimas denúncias, que trouxeram à luz sérias distorções gerenciais no sistema, há fortes motivos para suspeitar que possa estar ocorrendo um inquietante descontrole em políticas públicas de prevenção, tais como vacinação, combate a mosquitos transmissores de doenças e fiscalização de bancos de sangue.
A redução dos programas de vacinação em massa e a insuficiência na distribuição de vacinas provocaram em São Paulo uma grande epidemia de sarampo. A negligência na imunização preventiva atinge frontalmente a credibilidade dos órgãos de saúde para enfrentar um mal cuja incidência supunha-se, equivocadamente, ser menos frequente.
Os indícios de descontrole do sistema aparecem mais uma vez com as muito prováveis falhas na inspeção dos bancos de sangue. Suspeita-se que, nas transfusões de sangue, centenas de pessoas possam estar sendo contaminadas pelo vírus da Aids e da hepatite C, entre outros males passíveis de transmissão sanguínea.
O eterno álibi da falta de recursos já não funciona. Ao mesmo tempo em que se reduzem verbas para o controle de doenças transmissíveis, constata-se que São Paulo e Distrito Federal receberam do Ministério da Saúde quantidades de espermicidas muito acima das necessárias. Cabe, pois, indagar por que ainda não se estudaram formas menos centralizadas para a compra de remédios.
A população mais carente é sem dúvida a grande vítima desse descalabro na medicina preventiva, prioridade absoluta em países que souberam superar seus principais problemas na área da saúde.

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