São Paulo, segunda-feira, 6 de outubro de 1997
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FHC, o trapezista

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - A propósito da corrida presidencial, circula entre governistas uma analogia entre os caminhos trilhados pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e as acrobacias de um trapezista de circo.
Assim como o trapezista, FHC está lá em cima. De bem com a opinião pública. Vai de um lado para o outro. Um pouco mais alto. Um pouco mais baixo. Mas não cai.
Quando o trapezista comete um erro de cálculo, perde o impulso. Pode escorregar e cair. Por sorte, tem abaixo de si uma rede de proteção.
O mesmo ocorre com FHC. Um problema na economia, uma marcha de sem-terra, o caso da compra de votos a favor da reeleição ou o atual escândalo dos fundos de pensão correspondem a um tropeço do trapezista. Só que o presidente também tem a sua rede de proteção: o Plano Real.
A analogia prossegue. FHC e o trapezista estarão seguros enquanto a rede que os protege não se esgarçar. O rompimento se dá de duas formas. Com desgaste imposto pelo tempo. Ou quando há um excesso de quedas.
Enquanto isso, do lado de fora do circo, outros candidatos ao Planalto ainda têm de construir seus trapézios e as suas redes de proteção. Além de também tentar furar a rede que hoje impede FHC de bater no chão.
Só que essa sabotagem da atual proteção presidencial não é fácil.
Atacar o Plano Real é suicídio.
Outra estratégia seria apostar no aprofundamento da cobrança, que é latente na sociedade, por mais ação do governo em áreas consideradas de risco para FHC. Por exemplo, desemprego, saúde, reforma agrária etc. Mas também é incerto que o eleitor privilegie mais esses temas do que a estabilização da moeda até a eleição.
Resta uma terceira via para os adversários do trapezista. Procurar atacar o artista naquilo que até agora permaneceu incólume: algum tipo de deslize moral ou ético no seu governo.
Podem chamar de guerra de dossiês, golpe baixo. Seja o que for, já está em curso. Basta olhar o caso dos fundos de pensão. E mais virá até a eleição.

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