São Paulo, quarta-feira, 8 de outubro de 1997
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Matinas Suzuki tira memórias da tocaia

Médico lança obra de reminiscências

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REDAÇÃO

O médico paulista Matinas Suzuki, 72, gosta de dizer que viveu o século por trás de uma moita.
"Taciturno" na infância e "tímido" na juventude, ele traz hoje ao público as memórias que manteve escondidas na tocaia.
É de lá que Suzuki diz que tirou a estrutura de "Memórias de um Vivente Obscuro", que será lançado a partir das 19h no Instituto Moreira Salles.
"São reminiscências tocaiadas. Tocaia não tem tempo marcado", diz Suzuki, justificando por que seus relatos não seguem linhas cronológicas -o primeiro capítulo, "Primeiras Lembranças", começa em dezembro de 1987.
O "vivente obscuro" do título ele explica com três palavras: "Sou completamente desconhecido", diz, a despeito de ter acumulado na década de 70 as pastas de educação, cultura, esporte e turismo da Prefeitura de Barretos (SP), onde mora atualmente -ele nasceu em Nova Granada (SP).
O primeiro livro de Suzuki, seu "filho temporão", começou a nascer há oito anos. Muito antes disso, ainda nos tempos de faculdade, ele planejava escrever um romance curto. "Primeiro deveria descobrir se sei escrever."
Passou a redigir suas memórias de modo linear, até que topou com "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", que José Saramago escreveu em 1991. Depois de ler o autor português, passou a reestruturar seus escritos, que achou que estavam " enfadonhos".
"Memórias de um Vivente Obscuro" caminha para o lado oposto do maçante, assim como o peixe negro nada ao contrário dos roxos, na capa do livro. Suzuki diz que os peixes, que ele mesmo desenhou -assim como diversas ilustrações do livro-, expressam sua biografia com propriedade: "Sempre nadei contra a corrente".
O próximo projeto do dr. Suzuki, como sua mãe passou a se referir a ele depois que se formou, é um romance histórico sobre Barretos.
Inspirado no modo como Jorge Amado fala do cacau em "São Jorge dos Ilhéus", Suzuki pretende recuperar o ambiente de Barretos nos anos 40, quando a cidade passou pelo surto do boi zebu. "Nessa época Barretos tinha seis cabarés, fazendeiro acendendo cigarro com nota de 500 mil réis, dono de bar lavando o piso com cerveja..."
(CEM)

Livro: Memórias de um Vivente Obscuro Autor: Matinas Suzuki
Lançamento: editora Giordano
Quando: hoje, a partir das 19h
Onde: Instituto Moreira Salles (r. Piauí, 844, Higienópolis, tel. 011/825-2560)
Quanto: preço não definido (470 págs.)

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