São Paulo, quarta-feira, 8 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Líder do Hamas propõe trégua a Israel

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O fundador do grupo extremista palestino Hamas, xeque Ahmed Iassim, propôs ontem uma trégua nos atentados terroristas se Israel se retirar completamente dos territórios palestinos de Gaza e Cisjordânia e remover todas as colônias judaicas da região.
Mas Iassim enfatizou que não pode haver uma reconciliação permanente com Israel. "O Islã permite uma trégua, mas não uma reconciliação permanente", disse Iassim em Gaza.
O Hamas não reconhece o direito de existência de Israel e quer estabelecer um regime islâmico nos territórios palestinos e em Israel.
Um porta-voz do governo israelense considerou as afirmações de Iassim "promissoras", mas disse que Israel não negocia com o grupo terrorista e que suas condições são inaceitáveis.
Abdel-Aziz al Rantissi, outro líder do Hamas em Gaza, disse depois que uma trégua seria apenas uma parada no caminho para a "libertação de toda a Palestina", Israel incluído.
Iassim recebeu ontem a visita do presidente da Autoridade Palestina, Iasser Arafat, e os dois voltaram a pregar a união palestina. A polícia de Arafat prendeu dezenas de membros do Hamas nas últimas semanas, após pressão de Israel e EUA por causa dos atentados suicidas do grupo islâmico.
"Há somente uma autoridade, e é ela quem negocia diretamente com Israel", disse Iassim.
Iassim, 61, foi libertado na semana passada por Israel, onde cumpria pena de prisão perpétua desde 1989. Ele e mais cerca de 70 presos foram trocados por dois agentes israelenses detidos em Amã (Jordânia) após uma fracassada tentativa de assassinar outro líder do Hamas. A missão abalou as relações de Israel com a Jordânia e levou a oposição israelense a pedir a renúncia do premiê Binyamin Netanyahu, que anteontem assumiu a responsabilidade pelo fiasco.
Uma pesquisa de opinião pública mostrou que 60% dos israelenses não acham que Netanyahu deve renunciar.
Ele instituiu uma comissão formada por ex-dirigentes dos serviços de segurança para analisar a missão em Amã. Mas a oposição e a imprensa criticaram o status da comissão, que não tem poderes independentes para interrogar membros do governo e é formada por simpatizantes de Netanyahu.
O premiê se desculpou ontem por telefone com o rei Hussein da Jordânia, que pela primeira vez aceitou falar com ele desde a missão em Amã, em 25 de setembro.

Texto Anterior: Ex-premiê da Espanha descarta nova eleição; Falha sequestro de avião iraniano; Turquia mata 538 curdos em 2 semanas; Britânicos vão monitorar doença por computador
Próximo Texto: Arafat pode encontrar Netanyahu
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.