São Paulo, quinta-feira, 9 de outubro de 1997
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Quem dá mais?

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - O PPB só vota a favor da consolidação das dívidas do Estado de São Paulo se o PSDB concordar com um empréstimo de R$ 300 milhões para a Prefeitura de São Paulo.
E o que diz o PSDB? Que só concorda com o empréstimo da prefeitura (para pagar o PAS) se o PPB aprovar no Senado a consolidação das dívidas de R$ 50,3 bilhões do Estado (fundamental para as contas paulistas e para o desempenho do governo Covas).
O que se conclui é que ainda falta um ano para as eleições, mas a disputa entre Mário Covas e Paulo Maluf está-se tornando um caso de vida ou morte política.
Entre os dois, como uma fatia de presunto ou mortadela, espreme-se Fernando Henrique Cardoso.
O primeiro passo de FHC foi receber Maluf no Alvorada. Covas soube pela TV. O governador deu o troco jogando para o alto a disputa pela reeleição. FHC também soube pela TV.
Agora, empatado o jogo, os dois tratam de tentar recompor o relacionamento Planalto-Bandeirantes.
Já houve o jantar de domingo em São Paulo e o encontro de ontem em Brasília. Em ambos, ficou claro que o governo federal admite uma flexibilização da Lei Kandir. Criada para estimular as exportações, ela acabou desestimulando as recandidaturas dos governadores e é o principal pretexto das desavenças entre FHC e Covas.
Nem tanto ao céu nem tanto ao mar, o presidente diz que é tecnicamente impensável e politicamente inconveniente reformular toda a lei, mas ele aceita compensar parte do quase R$ 1 bilhão que Covas diz estar perdendo com a falta de ICMS sobre as exportações. O autor, ministro Kandir, já está fechando as contas do acordo.
São Paulo é o principal eixo da sucessão presidencial. Para onde for a eleição paulista, acaba indo o eventual segundo mandato de FHC. Com a vitória de Covas, a composição de forças federal será uma. Com a de Maluf, outra bem diferente.
FHC não quer assustar Maluf, mas não pode perder Covas. E Covas tem um bom instrumento de chantagem: se derrotado em São Paulo, Rio e Minas, o PSDB vira um partideco.

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