São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
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EUA mudam relatório com crítica ao Brasil

DO CONSELHO EDITORIAL; DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Depois de provocar reações desfavoráveis entre políticos brasileiros, o Departamento de Estado norte-americano decidiu substituir a expressão "corrupção endêmica" por apenas "corrupção" em um relatório distribuído a empresas que desejam investir no Brasil.
"O autor (do relatório) quis usar a palavra 'disseminada', sem que isso implicasse uma ofensa cultural. O termo 'endêmica' será portanto retirado do relatório", disse James Rubin, porta-voz do Departamento de Estado.
Segundo o relatório, o Brasil é o 15º num ranking de países mais corruptos do mundo elaborado pela organização não-governamental alemã Transparency International.
"Falando francamente, a corrupção é disseminada em Chicago também, mas os políticos de lá discordariam se fosse dito que a corrupção é endêmica em sua cultura", esclareceu Rubin.
Telefonema
O embaixador norte-americano no Brasil, Melvyn Levitsky, telefonou ontem, no final da tarde, para o chanceler brasileiro, Luiz Felipe Lampreia, para desculpar-se pelo relatório em que o Brasil é citado.
O embaixador informou a Lampreia que seu governo estaria emitindo comunicado para se retratar e para dizer que o relatório "não reflete o pensamento do governo dos Estados Unidos".
O relatório foi entregue ao grupo de empresários norte-americanos que acompanhará a visita do presidente Bill Clinton ao Brasil, a partir da próxima semana.
Foi elaborado pelo Departamento de Comércio, como uma espécie de guia sobre como fazer negócios no Brasil. Mencionava um excelente potencial de negócios no Brasil, mas ressalvava que a corrupção "ainda é endêmica na cultura brasileira".
O documento critica o sistema de representação política, em especial a fragmentação partidária, a ineficiência do Poder Judiciário e a falta de disciplina e coesão ideológica entre os partidos da base governista no Congresso.
Aponta este último fator como um problema para a governabilidade.

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