São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
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Militares rejeitam nova aposentadoria

Reforma exclui privilégios

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os militares não aceitam a decisão tomada anteontem pelo Senado de não permitir que as Forças Armadas tenham um regime previdenciário próprio e vão tentar derrubá-la na votação na Câmara.
Também não aceitam que essa reivindicação seja classificada como um privilégio comparável ao dos juízes.
Em nota oficial, o Ccomsex (Centro de Comunicação Social do Exército) disse ontem que os militares querem um "tratamento diferenciado" pelos seguintes motivos: são submetidos a dedicação exclusiva e não podem ter qualquer outra fonte de renda; não têm FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço); não ganham hora extra e são obrigados a um constante "peregrinar pelo território nacional, o que dificulta a formação de um patrimônio".
Defasagem
O Ccomsex lembrou ainda a "comprovada defasagem salarial da classe militar" e, indiretamente, classificou a decisão dos senadores como uma medida em que a razão não foi isenta de emoção.
A nota foi assinada pelo general-de-brigada Rômulo Bini Pereira, 43 anos de serviço e salário líquido de R$ 2.950.
Na avaliação de assessores parlamentares dos ministérios militares, o número de pedidos de passagem à reserva deve ser similar ao dos pedidos de aposentadoria de professores universitários depois que começou a tramitar no Congresso a reforma da Previdência.
"Buraco negro"
O próprio senador José Eduardo Dutra (PT-SE), autor do destaque que suprimiu o direito dos militares a um regime previdenciário próprio, afirmou ontem que a votação criou "um buraco negro".
Segundo Dutra, com a supressão do parágrafo 9º do artigo 42 do substitutivo de Beni Veras, a assessoria do Senado precisou adaptar o texto final aprovado à Constituição em vigor e, ao fazê-lo, reduziu os efeitos pretendidos por Dutra.
Mesmas regras
"Meu objetivo era acabar com o regime especial e submeter os militares às mesmas regras de aposentadoria previstas para os servidores civis, levando em conta suas especificidades", disse Dutra.
A intenção do senador era que os militares também perdessem direito à aposentadoria integral, como a reforma propõe aos demais servidores.
Mas, ao analisar a versão final, Dutra percebeu que os dispositivos que tratam dos militares não mencionam os incisos do substitutivo que restringem o direito de aposentadoria integral aos servidores que ganham até R$ 1.200.
Os demais servidores serão aposentados com proventos menores do que o salário recebido na ativa. A aposentadoria será reduzida gradualmente em até 30% (essas regras

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