São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
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Prona oferece vaga gratuita a vereador que fez denúncia

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de ter denunciado o Prona pela venda de vagas para candidatos a deputado estadual por R$ 7.000, o vereador Romeu Pepino (Prona-Osasco) foi procurado pelo partido com a promessa de que receberia gratuitamente uma vaga na legenda.
O esquema incluía, em pelo menos um caso, ágio superior a 100% no repasse de uma dessas vagas, que seria negociada por R$ 15 mil.
Na tarde de anteontem, o presidente estadual do Prona, Milton Melfi, ligou para o vereador oferecendo a vaga de graça. Conseguiu falar com seu irmão, Giuseppe.
Melfi confirma a versão. Diz que Pepino só não havia conseguido a vaga porque a lista de 84 pré-candidatos estaria completa.
Erro
"Eu achei errado aquele negócio de pedir dinheiro. Mandei suspender a cobrança do cheque de R$ 7.000 que ele (o candidato que queria repassar a vaga) já tinha entregado. Ele alegou problemas de família e a vaga surgiu."
O candidato que teria desistido de concorrer não foi identificado. Anteontem, era tratado como Carlos, da região de Ribeirão Preto.
"Arrumei uma (vaga) para ele (Pepino)", disse Melfi ao telefone. "Não gostei do negócio. Já arrumei (a vaga) de outro jeito, da maneira correta do partido. Esquece aquilo (a cobrança). Não aceito (vender vagas)", declarou, questionado sobre o ágio.
A nova proposta de Melfi foi feita depois da reunião presenciada pela Folha, que ocorrera na manhã de anteontem. Segundo o vereador, Melfi já havia sabia da reportagem quando o procurou.
"Eles viram que tínhamos gravado toda a conversa (em que a negociação foi feita) e se assustaram", disse Pepino.
Pepino dá R$ 310 (10% de seu salário) todo mês para o partido. "Se eu tivesse R$ 7.000, daria. Isso não é crime. Vivemos em um país capitalista. Acho errada a imposição de valores em dinheiro."

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