São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
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Governo diz que Nec correrá risco no Rio

DA ENVIADA ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU

O presidente da Telebrás, Fernando Xavier, disse ontem que a Nec do Brasil -associação das Organizações Globo com a Nec Corporation, do Japão- vai assumir "alto risco" se quiser instalar seu sistema de telefonia celular digital no Rio de Janeiro.
Conforme a Folha noticiou ontem, a Nec vai implantar equipamentos para 100 mil celulares digitais no Rio -avaliados em cerca de US$ 40 milhões-, quando seu contrato com a estatal prevê a entrega de equipamentos analógicos.
Segundo o vice-presidente da Telerj, Geraldo Araújo, a Nec vai instalar dois sistemas paralelos: um analógico (como previsto no contrato) e outro digital. O digital será colocado em funcionamento e o analógico ficará desligado.
Na próxima semana, a Telerj colocará em discussão pública a minuta do edital de concorrência para a compra de 650 mil telefones celulares digitais para a capital fluminense. Se a Nec perder a concorrência, terá que retirar seu sistema digital.
Para o presidente da Telebrás, a única explicação para o risco que a Nec está correndo é sua necessidade de demonstrar que domina a tecnologia digital no padrão norte-americano (seguido por toda a América Latina) e que seus equipamentos funcionam. A Telebrás deu sinal verde à Telerj para aceitar a proposta da Nec.
Fernando Xavier informou que a Nec vai instalar também cerca de 20 mil celulares digitais em Salvador. Segundo ele, o contrato que a empresa assinou com a Telebahia no ano passado era para fornecimento de um sistema analógico, mas previa a possibilidade de substituição por equipamentos digitais.
Por trás dessa discussão está uma das mais acirradas disputas de mercado entre fabricantes de equipamentos de telefonia celular já vistas nas telecomunicações brasileiras.
Existem duas tecnologias digitais -CDMA e TDMA- compatíveis com o padrão de telefonia celular adotado pelo Brasil. A Ericsson só tem a tecnologia TDMA e a Motorola e Nec só dominam o CDMA.
Os quatro consórcios privados que já assinaram contratos com a Telebrás para explorar o celular privado no Centro-Oeste (área 7), na Bahia e Sergipe (área 9), no restante do Nordeste (área 10) e na região metropolitana de São Paulo (área 1) optaram pela tecnologia TDMA.
A Telesp está fazendo concorrência pública para 1 milhão de celulares digitais, mas as estatais do Nordeste e Centro-Oeste estão negociando a compra de sistemas digitais TDMA, diretamente com seus fornecedores, sem fazer licitação pública. As negociações estão sendo feitas com a Ericsson e com a canadense Nortel.
O presidente da Telebrás diz que tem pareceres jurídicos que garantiriam a legalidade das compras. Afirmou que a maior parte das 27 companhias de telefonia fixa do Sistema Telebrás já possuem infra-estrutura de celular preparada para receber a tecnologia digital.
"Nesses casos, é mais barato comprar direto do fornecedor do que fazer uma concorrência pública", afirmou.
O entendimento da Telebrás é de que só quatro telefônicas -Telesp, Telerj, Telebahia e Telepar- não estão com a infra-estrutura celular preparada para receber a tecnologia digital. Ou seja, pela ótica da estatal, só haveria necessidade de licitação em São Paulo, Bahia, Rio e Paraná.
Como o contrato entre a Telebahia e a Nec foi redigido de forma a permitir a substituição automática pelo digital, o problema, pela ótica do governo, ficou confinado a três Estados: Rio, São Paulo e Paraná.
A Telebrás não definiu se fará concorrência pública no Paraná.

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