São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
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A verdadeira fonte de emprego e renda

SYLVIO GOULART ROSA JÚNIOR

O estágio em que se encontra a economia mundial revela que a geração de emprego é o maior desafio a ser enfrentado pela sociedade às vésperas do novo milênio. A globalização abre caminhos, promove a integração dos países em todos os setores, alimenta a especialização e o desenvolvimento tecnológico das empresas, mas gera um subproduto socialmente perverso: o desemprego.
Nos próximos três anos, apenas no Brasil, será preciso criar milhões de novos postos de trabalho. Tarefa nada fácil para um país em que a estabilidade econômica deixou de ser mera discussão acadêmica e só agora começa a fazer parte do dia-a-dia dos brasileiros.
O esforço para a geração de empregos vai exigir fortes investimentos públicos em obras de infra-estrutura, saúde, educação e segurança. Caberá ao setor privado a criação de novas empresas -especialmente micro e pequenas, que são a forma mais rápida e eficiente para a geração de emprego e renda nas sociedades competitivas.
Estudos feitos pelo Sebrae confirmam que os pequenos empreendimentos são fundamentais para a economia do país. Eles representam 98% do total de empresas e empregam 60% de toda a mão-de-obra.
Por outro lado, o índice de mortalidade já no primeiro ano de atividade dessas empresas permanece alto. Os empresários têm dificuldades para obter crédito e adquirir novas tecnologias e sofrem com o excesso de tributos e de burocracia.
Nesse ambiente, o apoio aos pequenos empreendedores ganha prioridade absoluta. O Sebrae-SP tem executado esse trabalho com sucesso. Sua tarefa principal é melhorar a competitividade das pequenas empresas, em todos os segmentos. Isso significa levar aos negócios de menor porte tudo aquilo que existe de mais moderno no campo da gestão empresarial na tecnologia da informação, nos sistemas de controle e nas metodologias de qualidade total.
Nos últimos anos, o Sebrae-SP criou uma série de produtos e serviços que confirmam sua eficácia para o fortalecimento e incremento da competitividade das empresas. As 14 Incubadoras de Empresas implantadas no Estado oferecem ambiente propício ao desenvolvimento de 140 pequenos empreendimentos de base tecnológica. Até o final do ano, mais oito devem estar funcionando. Em 1998, outras 26 entrarão em operação de parcerias entre o Sebrae-SP e entidades regionais.
Estamos, ainda, determinados a estimular e colaborar com a criação de centenas de Empresas de Participação Comunitária. As EPCs são verdadeiros bancos de investimento abertos por pequenos poupadores de uma determinada região, que investem seu capital na criação e desenvolvimento de empresas locais. Hoje, 93 EPCs no Estado movimentam recursos da ordem de R$ 2,8 milhões.
Estamos preocupados também em abrir novos mercados para esses empreendedores. Os nove encontros organizados pela entidade neste ano no exterior, especialmente em países da América Latina, geraram expectativas de contratos da ordem de US$ 170 milhões entre empresários brasileiros e estrangeiros. A abertura da economia amplia as possibilidades de negócios. E o Mercosul é o caminho ideal para as microempresas iniciarem seus contatos no exterior.
A experiência mostrou que o trabalho do Sebrae-SP tem despertado o interesse dos nossos parceiros do Mercosul e de outros países. Programas como os de incubadoras, "Jovens Empreendedores", Empresa de Participação Comunitária e "Agribusiness" podem ser aplicados em países como Argentina, Chile, Peru e África do Sul.
No próximo dia 13 de outubro, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Enrique Iglesias, visitará o Sebrae-SP. Ele virá conhecer o trabalho realizado pela entidade e estudar a possibilidade de aplicá-lo em seus programas de fomento.
O BID vem facilitando os negócios internacionais entre micro e pequenas empresas, prestando assessoria técnica, tecnológica, jurídica e financeira a empresas e instituições.
Nós vamos continuar trabalhando pela criação de um ambiente pró-negócios, que estimule cada vez mais a criação de novas micro e pequenas empresas. Estamos certos de que esse é o caminho mais rápido e eficiente para contribuir com o crescimento do país, promovendo o aumento das oportunidades de emprego e uma melhor distribuição de renda para a nossa população.

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