São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997 |
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Músico foi a personificação do jazz
GUGA STROETER
É saudável que os ouvintes de música em geral e os apreciadores do jazz em particular retomem a vida e a obra de Armstrong. O jazz evoluiu, internacionalizou-se, abraçou causas políticas, tornou-se complexo e afastou-se do grande público. Retomar Armstrong é revitalizar as origens do jazz como música para ouvir e dançar, ao mesmo tempo, simples e sofisticada. A história de Armstrong é a própria história do jazz; compreendê-lo é mergulhar na atmosfera de Nova Orleans do início do século, onde chocavam-se princípios moralistas da Igreja Protestante norte-americana com o vodu herdado da África e do Caribe. Armstrong é mais conhecido como cantor pop por usas gravações dos anos 40, 50 e 60, mas seus momentos mais criativos ocorreram nas décadas de 20 e 30. Suas gravações ao lado de King Oliver e Fletcher Henderson forjaram os contornos definitivos do trompete em jazz. As publicações mais recentes referentes a Satchmo têm sido de grande valor. Consideremos que os grandes gênios de jazz morreram em décadas passadas e tiveram como biógrafos amigos pessoais ou aficionados, que não primaram pelo senso crítico. Frequentemente esses biógrafos conviveram com os artistas em seus últimos anos de vida e são mais aceitos à magnitude da obra estabelecida do que à análise aprofundada do período formativo do artista. Vínculos de amizade inviabilizam o biógrafo de revelar comportamentos reprováveis e facetas obscuras do biografado. Os textos referentes à vida e à obra de Armstrong, no entanto, são invariavelmente semelhantes e retratam uma pessoa afável e generosa como a sua música. Texto Anterior: LOUIS ARMSTRONG Próximo Texto: Benito di Paula Índice |
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