São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Chanceler de Israel ameaça renunciar

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O chanceler israelense, David Levy, disse ontem que está pensando em renunciar por estar insatisfeito com o premiê Binyamin Netanyahu.
Levy juntou-se aos vários críticos de Netanyahu, atacando sua decisão de enviar agentes secretos à Jordânia numa fracassada tentativa de matar um dirigente do grupo extremista palestino Hamas. Ele também criticou a condução do processo de paz pelo premiê.
"Se eu tivesse sido consultado, eu não teria deixado isso acontecer", disse Levy sobre o fiasco em Amã, que abalou as relações de Israel com a Jordânia.
Perguntado pela rádio Israel sobre as chances de renúncia, ele disse: "Quase 50%, ainda estou pesando os fatores".
Não é a primeira vez que Levy ameaça deixar o governo. Mas os problemas de Netanyahu, que teve de libertar o fundador do Hamas para apaziguar o rei Hussein da Jordânia e recuperar seus dois agentes, não pararam em Levy.
Nahum Admoni, ex-chefe do Mossad (serviço secreto), um dos membros da comissão criada pelo premiê para investigar a tentativa de assassinato, renunciou depois de dar declarações defendendo a operação. Segundo analistas, a comissão é simpática ao premiê e foi criada para inocentar o governo.
Negociações
Negociadores palestinos e israelenses se reuniram ontem para tratar de cooperação econômica pela primeira vez em sete meses, dando mais um sinal de reavivamento do processo de paz.
O negociador palestino Nabil Shaath disse que Israel concordou em liberar cerca de US$ 49 milhões que devia à Autoridade Nacional Palestina -verba retida desde os atentados suicidas do Hamas em Jerusalém.
Uma comissão conjunta também se reuniu ontem para tratar da provável abertura de um aeroporto palestino na faixa de Gaza. Israel ainda decidiu permitir a entrada de mais 50 mil trabalhadores palestinos no país.
Os palestinos, por sua vez, retomaram a cooperação com Israel em assuntos de segurança, suspensa em março após Israel ter iniciado a construção de um bairro judeu na parte árabe de Jerusalém.
Segundo analistas, o novo fôlego dado ao processo de paz, que reuniu anteontem, pela primeira vez em oito meses, Netanyahu e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, serviria também para contrabalancear o provável crescimento do Hamas (contrário às negociações) nos territórios palestinos após a libertação de seu fundador, xeque Ahmed Iassim.

Texto Anterior: Furacão mata ao menos 54 em Acapulco
Próximo Texto: Fidel propõe reformas dentro do socialismo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.