São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997
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Governo pressiona e Hillary desiste de visitar projeto petista

RUI NOGUEIRA; RENATA GIRALDI

RUI NOGUEIRA
Secretário de Redação da Sucursal de Brasília
O governo federal pressionou e conseguiu dissuadir as autoridades norte-americanas de incluir na agenda da primeira-dama dos EUA, Hillary Clinton, qualquer visita aos programas sociais do governo petista do DF (Distrito Federal) durante sua passagem pelo Brasil, a partir de amanhã..
Oficiosamente, o governo do DF foi informado de que seria difícil fazer a segurança nos locais das visitas, e, por esse motivo, a programação não seria incluída na agenda oficial.
O que aconteceu, de verdade, foi que a parte brasileira que negociou a agenda com as autoridades norte-americanas bombardeou a idéia, uma vez que Hillary Clinton não mostrou grande interesse em visitar programas sociais administrados pelo governo federal.
Bolsa-escola
Aconselhados pela embaixada norte-americana em Brasília, os assessores do casal Clinton começaram, há dois meses, a planejar a visita a uma unidade de ensino do programa bolsa-escola.
O próprio presidente Bill Clinton mostrou interesse em visitar também uma escola de meninos de rua que está em funcionamento no parque da cidade.
O programa bolsa-escola é uma espécie de vitrine do governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT).
As famílias que mantêm os filhos com idade entre 7 e 14 anos nas escolas recebem um salário mínimo (R$ 120).
O programa, premiado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), transformou-se em um instrumento eficiente para retirar meninos das ruas e obrigar os pais a não empregar os filhos na mendicância.
Horários flexíveis
Para os meninos que ainda perambulam pelas ruas, o governo do Distrito Federal ressuscitou uma antiga escola, bem no coração do maior parque da cidade, em que os horários são totalmente flexíveis. Engraxates, guardadores de carro, vendedores de picolés e alunos com outras ocupações vão para a escola do parque assim que se dão por satisfeitos com o faturamento do dia. Por orientação da embaixada norte-americana em Brasília, o governo do Distrito Federal chegou a preparar dois lugares para receber Hillary Clinton -as escolas das cidades-satélites do Paranoá e do Recanto das Emas.
Governo nega pressão
Ontem, o porta-voz do Planalto, Sergio Amaral, disse não ter conhecimento de nenhuma pressão do governo federal. "Evidentemente, a senhora Clinton visitará no Brasil o que ela tiver interesse em visitar", disse Amaral.
"Não tenho conhecimento nenhum sobre isso e acho muito estranho, porque o próprio presidente fez uma referência muito positiva em relação ao programa da bolsa-escola", acrescentou.
O diretor da PF (Polícia Federal), Vicente Chelotti, disse que a PF estava preparada para dar segurança à visita do casal Clinton a qualquer lugar do Distrito Federal.

Colaborou Renata Giraldi, da Sucursal de Brasília

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