São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997 |
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Risco de contrair HIV é de 1 para 200 mil
RENATO KRAUSZ; AURELIANO BIANCARELLI
O número -que chega a ser alarmante- é defendido pelo coordenador da Hemorrede de São Paulo, José Augusto Barreto. Ele reconhece que está trabalhando "com uma margem de pessimismo". Se estiver certo, das 8,25 milhões pessoas que recebem transfusão por ano, 41 saem contaminadas pelo HIV. É um risco 3,3 vezes maior que o apontado por estudos norte-americanos. Segundo Barreto, o risco para hepatites é de 1 para 100 mil. O risco de se contrair doença de Chagas é zero. O Ministério da Saúde não dispõe desses dados para todo o país. Para calcular o risco de pegar Aids, Barreto dividiu o número de pessoas que contraíram Aids em transfusões de sangue pelo total de pessoas que receberam transfusões no Estado. Além da margem de risco por falhas humanas, o perigo maior está na "janela imunológica", período entre a contaminação e o surgimento dos anticorpos no sangue. Os testes em uso detectam os anticorpos e não o vírus. Barreto afirma que São Paulo tem um risco maior que os Estados Unidos (1 para 675 mil) porque os doadores de sangue não são de repetição. Ao doar sangue uma vez a cada seis meses, esse tipo de doador tem a saúde mais bem monitorada. Nos Estados Unidos, 85% dos doadores de sangue são de repetição. No Brasil, são só 15%. "Se não fosse por isso, nosso risco seria menor. Nosso controle tem o mesmo rigor de qualquer país de Primeiro Mundo", diz. A solução, então, é ter um alto rigor na triagem dos doadores. De acordo com Barreto, 25% deles são descartados durante a entrevista (leia texto abaixo). Contaminações Desde 1985, o DST/Aids de São Paulo registrou 1.018 notificações de Aids de supostas contaminações por transfusão de sangue -sem contar os hemofílicos, que somam 369 casos desde 1984. Supostas contaminações porque muitas pessoas que declaram ter sido contaminadas em transfusões, na verdade, pertencem a um outro grupo de risco. Em 96, foram notificados 142 casos por transfusão de sangue. São pessoas que manifestaram a doença em 96. A transfusão, na grande maioria do casos, ocorreu na década de 80, se é que ocorreu. Muitas vezes o paciente se engana: ele realmente fez uma transfusão de sangue, mas pegou Aids por outro motivo. Em outros casos, ele mente para fugir do preconceito. O Centro de Vigilância Sanitária tenta investigar cada caso. A investigação consiste em localizar os doadores para saber se eles também estão contaminados. "Uma única investigação pode demorar anos", diz Marisa Lima Carvalho, diretora do centro. (RENATO KRAUSZ E AURELIANO BIANCARELLI) Texto Anterior: Paralisia em inspeções é apurada Próximo Texto: Informática garante qualidade do sangue Índice |
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